Percepções

Era perceptível, que o mundo era maior do que o alcance do olhar.

Disseram-nos, que tudo se gerou da grande explosão.

No gélido espaço a luz e os corpos celestes surgiram.

O tempo da criação se desenrolou em milênios.

Na sopa da Vida os seres vivos se formaram.

Nos passos dos primeiros homens formamos uma consciência.

A caverna escura e fria serviu-nos de abrigo.

Enfrentamos fome, sede e o ataque dos grandes carnívoros.

Enquanto nômades, caminhamos sem destino.

Pela fome, nos fixamos e ferimos a terra para plantar e colher.

Curiosos, não tememos o perigo e acumulamos saberes.

A morte invisível por doenças quase nos dizimou.

Por medo, adoramos o desconhecido, falsos deuses e homens.

Conhecemos o trabalho, a escravidão e o castigo.

Enquanto unidos, éramos fortes e sábios, então nos dividimos.

Em pequenos núcleos tornamo-nos individualistas.

A cobiça e a violência criou barreiras linguísticas, hinos, bandeiras e fronteiras.

Inventamos a Guerra em nome da Paz e artifícios para matar.

Com o tempo, mudamos hábitos, moradia, mobilidade, alimentação e saúde.

Estereótipos e paradigmas envolveram nossos biótipos e fenótipos.

Agora, a tecnologia tornou-nos espiões passivos do cotidiano.

Emudecemos para o Amor, amigos e para nossos irmãos menores (animais).

A Vida cintila nas telas. Somos uma nova imagem humana.

Desumana? Talvez...

A barbárie cometida já não passa de notícia requentada.

O mundo moderno acena mudanças impensadas.

Quase tudo que era já não é mais.

Vivemos o medo de que, amanhã, a inteligência artificial vai ocupar nosso lugar.

Voltaremos às cavernas?

Será?

Ondina Martins
Enviado por Ondina Martins em 25/10/2023
Reeditado em 25/10/2023
Código do texto: T7916588
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