Percepções
Era perceptível, que o mundo era maior do que o alcance do olhar.
Disseram-nos, que tudo se gerou da grande explosão.
No gélido espaço a luz e os corpos celestes surgiram.
O tempo da criação se desenrolou em milênios.
Na sopa da Vida os seres vivos se formaram.
Nos passos dos primeiros homens formamos uma consciência.
A caverna escura e fria serviu-nos de abrigo.
Enfrentamos fome, sede e o ataque dos grandes carnívoros.
Enquanto nômades, caminhamos sem destino.
Pela fome, nos fixamos e ferimos a terra para plantar e colher.
Curiosos, não tememos o perigo e acumulamos saberes.
A morte invisível por doenças quase nos dizimou.
Por medo, adoramos o desconhecido, falsos deuses e homens.
Conhecemos o trabalho, a escravidão e o castigo.
Enquanto unidos, éramos fortes e sábios, então nos dividimos.
Em pequenos núcleos tornamo-nos individualistas.
A cobiça e a violência criou barreiras linguísticas, hinos, bandeiras e fronteiras.
Inventamos a Guerra em nome da Paz e artifícios para matar.
Com o tempo, mudamos hábitos, moradia, mobilidade, alimentação e saúde.
Estereótipos e paradigmas envolveram nossos biótipos e fenótipos.
Agora, a tecnologia tornou-nos espiões passivos do cotidiano.
Emudecemos para o Amor, amigos e para nossos irmãos menores (animais).
A Vida cintila nas telas. Somos uma nova imagem humana.
Desumana? Talvez...
A barbárie cometida já não passa de notícia requentada.
O mundo moderno acena mudanças impensadas.
Quase tudo que era já não é mais.
Vivemos o medo de que, amanhã, a inteligência artificial vai ocupar nosso lugar.
Voltaremos às cavernas?
Será?