Relógio !
O risco no vidro do relógio era mais do que apenas uma marca superficial; era uma ferida simbólica, uma cicatriz que contava uma história mais profunda do que as horas que se desdobravam diante de quem o observava.
Assim como as diversas placas ao longo da estrada, que, apesar de indicarem direções, nunca definem verdadeiramente os caminhos a serem seguidos.
E a chance de encontrar novamente aquilo que se perdeu era tão pequena que parecia quase nula, como procurar uma agulha no palheiro de um universo infinito.
Às vezes, a vida se assemelhava ao conto de Alice, perdida no país das bugigangas, onde tudo era surreal e desconexo. Tentar entender o que acontecia parecia uma tarefa impossível, como decifrar um enigma que mudava a cada passo dado.
O que escrevo, objetivamente, parece dúbio, ambíguo, como se as palavras tivessem vida própria e se recusassem a se alinhar em explicações claras. Ou talvez seja o caráter defeituoso da explicação em si, a incapacidade intrínseca das palavras em capturar a complexidade das emoções, dos momentos, das experiências que vivemos.
Nesse emaranhado de metáforas e incertezas, talvez haja uma verdade subjacente: que a vida é, por vezes, inexplicável, confusa e cheia de cicatrizes que contam histórias mais profundas do que podemos compreender.
E talvez seja justamente essa confusão que nos leva a questionar, a explorar, a buscar significados em meio ao caos aparente, transformando a jornada em algo mais profundo e intrigante do que qualquer explicação superficial poderia abarcar.