Crianças, não nasçam

"Trazer uma criança para um mundo como esse não é certo", disse uma israelense que deu à luz um menino há poucos dias.

E tem razão. Para que colocar mais uma criança para ser vítima das ideologias dos adultos? A gente grande já estragou todo o mundo com suas lógicas que admitem inclusive o assassinato de crianças.

"Ah, mas guerra é guerra, não se pode fazer nada" - diz alguém que está simplesmente justisficando o assassinato de crianças, com base na sua lógica de adulto, em defesa de algum tipo de ficção qualquer, uma bandeira, um país, uma etnia, uma religião.

Não há nenhum motivo plausível para alguém nascer nesse mundo em que os humanos só se diferenciam das bestas porque andam sobre duas patas, em vez de quatro. É um mundo completamente hostil às crianças, embora seja também um mundo infantil.

Os homens da guerra agem como crianças, mas no sentido de quem não amadureceu, de quem quer prejudicar o coleguinha que não faz aquilo que a gente espera que ele faça. A teimosia, a birra, a imaturidade, eis a parte da infância que interessa aos guerreiros.

Imaginai que uma criança consiga escapar da morte estúpida e chegue à idade adulta, mas então se torne também ela um homem desses que tenta justificar a guerra e a matança de outras crianças. Antes não nascer do que ser desumanizado dessa maneira.

Ah, crianças, não nasçam, não vale a pena.

Henrique Fendrich
Enviado por Henrique Fendrich em 30/10/2023
Reeditado em 30/10/2023
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