SAUDADES DE NELSON HOFFMANN

SAUDADES DE NELSON HOFFMANN

"LIBRA - ...esta é a hora em que a alma

precisa decidir se vai continuar fazendo

exigências, ou se vai fazer concessões

para que tudo comece a se tornar con-

creto". (trecho, 1ª semana de out./23)

De repente senti saudades do professor NELSON HOFFMANN... o leitor ocasional se perguntará: -- "E eu, com isso" ?! Me questiono se é possível ter saudades de alguém que sequer conhecemos ?! Penso que sim ! Se temos saudades de um Paulo Diniz ou uma Clara Nunes, como não relembrar a figura que, sem me conhecer, aceitou prefaciar meu primeiro livro de contos ?! O escrevi às pressas, amargurado, revoltado até, envergonhado devido a uma prisão injusta de "dia e meio", mas que me marcou profundamente. As "acusações" (de 2 PMs) somaram 8 delitos... a delegada achou pouco e juntou meu irmão gêmeo "aos Autos", acrescentando "os mesmos 8 delitos" a ele, era preciso "dar uma lição" nos cariocas, "gente de fora" achincalhando o Pará. O juiz percebeu o tamanho da trama, a delegada sequer pediu "exame de corpo de delito" da pobre vítima (?!) tão agredida... pelos dois irmãos malignos. Passei semanas numa depressão sem tamanho, sem ter onde "meter a cara" e os dois "vizinhos" da "armação ilimitada" indignados com nossa soltura. "Branco rico não fica na cadeia" !

Para não pensar naquilo tudo, para tentar esquecer, passava os dias ESCREVENDO... não foi preciso muito para transformar a vivência de 25 anos nessa exuberante e incompreendida Amazônia em "fantasias", em CONTOS, embora ache que não narrar FATOS como crônicas seja, antes de tudo, COVARDIA. Porém o Conto suaviza denúncias, ao menos "camufla" realidades incômodas, tanto para o escritor quanto para os "citados".

Desde os anos 90 já conhecia eu o escritor Nelson Hoffmann, graças ao jornalista autodidata de sua cidade, o João Weber Griebeler, produtor cultural e Autor de várias coletâneas na bela cidade histórica de Roque Gonzales, nome de um padre que os indígenas sacrificaram, nas Missões. Tendo o coração arrancado, ele ainda vivo, o coração FALOU, amaldiçoando o cacique e toda a tribo. Isto não é lenda, houve testemunhas !

Certamente Nelson Hoffmann foi um ótimo professor, não tenho a menor dúvida disso... resta saber porque os professores dos anos 1940/60 eram tão bons, pois formaram excelentes alunos. Enquanto reciclador, tenho acesso a cadernos de matérias e até TESES de universitários atuais e tudo é "muito sofrível". Textos razoáveis ali não passam DE CÓPIAS, de "downloads" de obras anteriores, de pessoas antigas, aquelas que estudaram entre 1940 e os anos 60. Quem nasceu de 1990 para cá não parece ter sido muito EXIGIDO pelos seus mestres, pelo menos no quesito "Gramática & Português".

Ainda me espanto com a facilidade com que o escritor Nelson Hoffmann aceitou PREFACIAR meu livrão no ano de 2000, logo o primeiro, contos "quilométricos" de 5 ou 6 páginas, perto de 200 linhas datilografadas. Hoje me imponho findar qualquer texto em duas páginas manuscritas, algo como 50 ou 60 linhas digitadas. O que não couber (?!) em 2 páginas fica "de fora", é dispensável à conclusão da estória.... e olha que tem dado certo ! No Céu o professor Nelson sorri, somente agora, 23 ANOS depois alcanço o estágio que ele anteviu nos verborrágicos, imensos contos. Talvez NISSO eu mais me pareça com Machado de Assis (conclusão dele) -- um enrolador ou "enrolão" profissional -- e que o fez finalizar seu Prefácio com um sonoro... "Nato Azevedo tem um fã em mim" !

A cidade de Roque Gonzales não faria nenhum favor ao eminente escritor se publicasse COLETÂNEA com trechos de seus 3 ou 4 livros e com ampla biografia. Se não em papel, que se produza 1 EBOOK, que não custará absolutamente nada aos cofres públicos e fará justiça a um dos nomes mais proeminentes na Literatura de todo o Rio Grande do Sul. Uns querem livros ou música no Céu, até Cinema, futebol mulheres nuas... quero apenas REVER AMIGOS, reencontrar pessoas que me ajudaram a ser o que sou, que me CONSTRUÍRAM enquanto ser humano. OBRIGADO, prof. Nelson Hoffmann !

"NATO" AZEVEDO (em 28/out. 2023, 11hs)