DIVAGAÇÕES DE UMA DESMEMORIADA

Tenho mil idéias na cabeça, e nenhuma inspiração pra colocar no papel. Queria escrever um texto bonitinho, mas ele simplesmente não quer sair de dentro de mim.

Acho que descobri por que faço poucas perguntas para as pessoas: não é desinteresse na pessoa em si, mas sim uma precaução para não ouvir tanta mentira. E não, ninguém anda mentindo pra mim, mas acho que quem pergunta demais ouve muita mentira. Quem pergunta de menos tem menos chance de ser "enganado"... Isso não quer dizer que deixei de questionar, e uma coisa não tem nada a ver com outra. O poder de questionamento continua afiadíssimo, até que me provem que ele não é salutar - o que acho um pouco difícil...

E não conseguindo escrever, acabei escrevendo. Estou fazendo como Clarice, que quando lhe faltava inspiração escrevia ao correr da máquina. Estou escrevendo à estagnação do computador. Mas estou. Acabou de me ocorrer um assunto para o próximo parágrafo, mas a idéia me escapou. Já marquei médico da cabeça, ando muita esquecida. Acho que estou regredindo... regredindo ao quê mesmo? Nossa, esqueci o nome da coisa... Ah sim, lembrei: regredindo a um peixe beta, daqueles que a memória dura apenas cinco segundos. Se bem que seria interessante ter memória curta - esqueceria mais facilmente um bocado de coisas que ficam martelando na minha cabeça depois de acontecidas...

Queria lembrar do assunto desse parágrafo, mas não consigo mesmo. Será que estou assim por causa do vôo que peguei hoje de manhã? Vim de avião de Rio Preto para São Paulo, e meus ouvidos estão "tampados" até agora. Acho que a turbulência chacoalhou meus neurônios, os únicos dois, e desconfio que eles trocaram de lugar... será? Nossa, neurônios trocados, alerta vermelho! Tudo pode acontecer...

Caramba, minha vontade é de ficar enrolando nos parágrafos até a idéia que fugiu reaparecer aqui na minha cabecinha. Mas se ela voltar eu posso simplesmente apagar tudo isso aqui e colocá-la naquele parágrafo, lá "em cimão". É, poderia fazer, daí vocês nunca lerão que tenho dois neurônios que estão trocados de lugar, e muito menos o quão vulnerável estou. Eu disse vulnerável? Nossa, que besteira. Não, esqueçam, não estou vulnerável, estou apenas confusa. Confusa demais, até. É, definitivamente foi o avião que me deixou assim. O avião e o olhar da aeromoça, cortante, acompanhado da frase:

- Sra, queira por gentileza voltar à posição vertical?

- Mas então eu preciso me levantar?

- Não, sra, queira por gentileza voltar a SUA POLTRONA à posição vertical?

- Ah sim, dona moça, digo, aeromoça, agora entendi...

(Como vocês, meus cinco queridos leitores, podem perceber, meu senso de humor antes das sete da manhã fica todo desorientado...)

É, vejo que estou realmente alterada. Mas eu não bebi, juro. Até por que em vôo doméstico, com duração de 60 minutos, o máximo que eles servem é um suquinho ruim do caralho "Pêssego Light ou Manga Zero, sra?" afff... Valha-me deus... Mas a bolachinha eu comi. Não, mentira, não comi não... Eu guardei pra Titi, vulgo Daisy, que foi me buscar na saída do aeroporto. Ela adorou a bolachinha, disse que comeu pra não fumar... Mas quando estava me deixando no trabalho, aqui de onde vos falo, a besta me pede um cigarro. E eu fumo, Titi? Eu hein... Cada doido com sua mania. Mas eu dei um cigarro à ela. Um não, uma caixa, maço, sei lá, inteiro. Alex, meu outro grande amigo, desculpe, mas seu Luck Strike Silver com anéis de furinhos, seja lá o que isso for, foi-se... A Titi já deve estar devorando-o a essa altura... Mas melhor assim, né? Antes perder uma caixinha de cigarro, a perder uma amiga vítima de ataque por surto à abstinência.

Acho que agora cansei. O assunto não veio mesmo. Sumiu, escafedeu-se. Se, vejam bem, SE eu me lembrar, volto aqui, apago esse monte de baboseira, e coloco o que era pra ser dito. Fui!

Pelo visto em São Paulo, e se não me engano, aos 26 de Dezembro do corrente ano (pra não correr o risco de errar...).