Saudações aos repatriados

Ontem, à noite, assisti ao vivo à chegada dos brasileiros vindos de Gaza. Uma festa, que veio coroar de alegria a expectativa de mais de trinta dias, nos quais – por mais otimistas que fôssemos – sempre nos ocorria uma névoa de dúvida e pessimismo diante daquele cenário catastrófico, que tem vitimado tanta gente, o que nos é transmitido em tempo real. A gente vê aquele míssil no ar, e seu efeito não é nada especial, pois dizima esperanças, dizima sonhos, dizima vidas.

Esse introito, caro e eventual leitor, não desconsidera (jamais! jamais!) a brutalidade sofrida pelos israelenses, nos ataques terroristas de 7 de outubro. Mas não há dúvida de que a resposta bélica diária (com esses mortais apetrechos do mal) está deixando grande parte da humanidade perplexa, e o presidente da República, ao receber os brasileiros repatriados, vocalizou esse sentimento de angústia e dor espiritual, que já contagia outros governos mundo afora. Este é um introito, que já se faz longo, de paz, de absoluta e urgente necessidade de paz! A humanidade gasta tanto com seus cientistas, seus líderes políticos importantes, seus pensadores acadêmicos... Não conseguirão eles sentar-se à mesa e chegar a um acordo que permita às pessoas caminharem com suas agruras diárias, sem guerras?

A chegada dos brasileiros foi um momento especialíssimo na recente história de nossa pátria. Vi repórteres e apresentadores na tevê visivelmente emocionados, com Hasan Rabee, Shahed Al Banna e seus companheiros de luta, de medo, de viagem... O primeiro disse que procurou enganar as filhas dizendo que os estrondos eram foguetes comemorativos de festas... Mas não conseguiu enganá-las por muito tempo. A jovem, que tantas vezes nos deu notícias em vídeos, contou sua história em Gaza, para onde foi levando a mãe adoentada e ficou por lá mais de um ano, sendo surpreendida pela guerra. Ela estudava em Gaza, e o presidente Lula, ouvindo-a como um pai ouve uma filha, lembrou que era preciso dar continuidade aos estudos no Brasil. Ficamos sabendo que nossos irmãos receberão, também, após o devido cadastro, os benefícios sociais do Governo... Uma maravilha!

É comum ouvirmos no noticiário questionamentos de uso indevido por autoridades e familiares das aeronaves do Governo – isso sempre acontece na administração pública. É lamentável, entristece, porque autoridades não precisariam dessas “caronas”... São pessoas importantes, e é preciso dar exemplo. A repatriação dos brasileiros, por outro lado, representou belos voos de fraternidade. Foi bonito ver o Estado brasileiro empenhado em trazer os que estavam em Israel (certamente, mais aquinhoados na vida). Foi lindo ver o Estado brasileiro se preocupar de verdade com nossos irmãos mais humildes e ensejar-lhes a liberdade... A aeronave presidencial estacionou e aguardou horas e horas, dias e dias sofridos, até que a situação se resolvesse. Dá alegria ver nossos impostos assim tão bem empregados.

Saudações calorosas e emocionadas aos repatriados... E que a paz contemple o mundo!