QUEM PRECISA DE CENTO E VINTE TALHERES?
A casa era enorme, belas salas com luminárias esplendorosas que refletiam toda a sua luz sobre o amaronseado dos longos sofás de couro de búfalo. O piso de marmore alemão fazia transparecer cada passo dos proprietários e visitantes da mansão "luares". As paredes revestidas de papel francês continham as gravuras do rio Sena e de suas nascentes .
As cortinas de voal chinês entendiam se até o chão, enquanto os lençóis de 400 fios, eram de linho inglês. . O luxo se expandia por toda a mansão.
Quanto a cozinha, a prataria estava presente em toda a baixela. Os serviços de chá e café bem como toda a coberta de mesa eram de porcelana inglesa. Destacava- se, pelo esplendor, as dez dúzias de talheres de prata pura.
Toda essa grandiosidade no interior da propriedade, bem como a arquitetura magestosa e centenária que atravessou gerações, nos leva a muitas reflexões.
Refletimos inicialmente, sobre o contraste entre a fragilidade da nossa vida e do conservadorismo dos bens materiais; sobre a efemeridade do ser humano e da constância e permanência, através dos tempos, das obras; prédios e construções.
Face a tudo isso, nos resta o questionamento sobre a transitoriedade da vida e da nossa necessidade de tudo e de tanto, pois afinal quem precisa de cento e vinte talheres ?