Música boa, é música boa e ponto.

Tem gente que conversa mesmo, fala pelos cotovelos, acha que o que propaga e o que vocifera por aí é a verdade plena, absoluta sobre tudo e todos os fatos.

Outro dia, um amigo - não lá "muy amigo" assim - ao perceber que eu ouvia música sertaneja, disse que esperava mais de mim quanto à música, que achava que eu tivesse um gosto musical mais refinado.

Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que, no quesito música, sou bem eclético, ouço samba, pagode, sertanejo, românticas, MPB, forró, rock, músicas internacionais e, dependendo do dia, até brega, desde que seja algo sonoro de boa qualidade e se, a melodia fluir bem, adentrar meus ouvidos de uma forma singela, agradável e harmônica, é o que importa, me satisfaz.

Em uma boa música, além da melodia, devemos levar em conta; a letra, o rítimo, a voz do intérprete, o instrumental e tudo isso, casado de forma harmoniosa é como se fosse uma receita culinária, se faltar algum ingrediente, poderá por todo um banquete a perder.

Poderíamos citar vários casos de cantores que lançaram determinadas canções, mas que, não emplacaram, enquanto que, gravadas na voz de outros músicos, foi um sucesso estrondoso; Temos alguns artistas que são exímios compositores mas que, quando inventam de cantar, a voz não ajuda; Tem músicas que já foram testadas e aprovadas em vários rítimos (quando a música é boa, se torna flexível e se encaixa perfeitamente a variados tons), um bom exemplo, são as interpretadas pelo rei Roberto Carlos, que também são ouvidas na MPB; muito bem adaptadas pelos baianos no axé; que couberam perfeitamente dentro dos acordes agitados do rock nacional e até mesmo, se encaixaram perfeitamente nas trilhas e passos do forró.

Hoje em dia, tem umas coisas que não da para entender, tem tanto cantorzinho mequetrefe brilhando nos palcos, e, quando você vai analisar a letra, não diz coisa com coisa, nada com nada, somente, um verdadeiro descarrego de esgoto sonoro em nossos ouvidos, e o pior, fazem sucesso. Nossos heróis morreram todos, só pode, deve ser falta de opção quando vemos alguém curtindo uma dessas "caganeiras" musicais e dizerem que é legal, putz!

Diante de todo esse universo sonoro, uma boa canção não é só um processo mecânico e comercial, vai muito além, a música, em si, está relacionada ao ambiente, à tradições de um lugar, à história e ao momento da vida: A sertaneja, por exemplo, está ligada ao campo, suas lembranças e costumes; Já a romântica, a sentimentalismos profundos atrelados à paixão; O rock, remete a visões mais cosmopolitanas, radicais, à rebeldia e contrapontos quanto a imposição de comportamentos; O Forró é a imagem do sertão nordestino, que precisa de um rítimo alegre e dançante para energizar e dar um sentido amplo à vida; O axé é a cara do povo baiano, que transmite uma alegria colorida e contagiante arrastando qualquer um por onde passa; Enfim, se fôssemos mencionar todo esse universo por onde a música trafega e as relações que ela provoca sobre as pessoas e povos, essa crônica viraria um livro.

O que sei e aprendi em todo esse cinquentenário de vida é, que música boa é música boa e ponto, ela passa e transpassa de um rítimo a outro, de uma época à outra, acende a alma de diferentes gerações e transcende o universo de um ponto a outro.

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 21/11/2023
Reeditado em 24/11/2023
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