Farinha pouca, meu torrone primeiro

Era um sábado, quando Sophia perguntou:

- pai dúvido o senhor conseguir um torrone.

Eu rindo, virei pra ela e nada disse.

Entrei no carro e a convidei a dar uma volta. Fomos num atacadão, pra surpresa minha não tinha.

Ela interpelou:

-Pai onde vamos?... O que o senhor está procurando?

Sem dizer nada eu seguia.Seguimos pra outro atacadão e nada. Fomos a um outro também não havia.

Saímos da zona norte, fomos ao centro, cuja certeza era clara. Procuramos, procuramos e não envontramos.

Sem desistir saímos do centro e fomos a um outro atacadão, agora o da zona sul, quando já passava do meio dia. Ufa encontramos e ela se deu conta, do que procurávamos...um torrone, que ela se deliciou, como uma grávida em deleite materno matando o seu desejo, mesmo sob meus protestos, porque lembrei de sua mãe. Mas a fome aliada ao desejo deixou claro, apenas o invólucro do plástico já no lixeiro do carro.

Ainda com esperanças, de encontramos mais, em plena zona sul andamos, andamos, andamos e até encontramos um atacadão, mas fecharam as portas em nossa cara. Cansados de tanto procurar entramos no carro e voltando pra casa.

Foi quando, do nada, ela espiou pela janela e disse:

-poxa pai, obrigado. Outra pessoa não faria o que o senhor fez. Reviramos a cidade pra comprar o torrone pra mim, mas não encontramos.

Surpreendido pela compreensão, nem sabia o que dizer...a vontade era de abraçar, mas bastou falar com a ação... eu te amo.

Quando enfim, eu e Sophia chegamos em casa cansados daquela aventura, sua mãe logo perguntou:

-Poxa onde vocês estavam?

Olhamos um pro outro e falamos :

- Estávamos procurando torrone, andamos a cidade toda e só encontramos um.

Que eu completei logo:

- Foi o que a Sophia comeu em desespero .

E ela, a mãe respondeu:

- Poxa, vocês nem lembraram de mim.

Retruquei:

- Eu lembrei, mas a Sophia comeu assim mesmo.

Sob um ditado de algumas pessoas ficou no ar da minha lembrança:

- Farinha pouca, meu pirão primeiro.

E o riso se fez com dissabor naquele imenso calor e pela falta do produto na cidade. O que ficou evidente, na minha frustração por não entender essa falta e pela vontade de satisfazer quem gostaria. Assim foi assimilado aquele nosso torrone dia.