Saber fictício (BVIW)

 

Na condição de educadora me sinto responsável pelos rumos da educação brasileira. Se até poucas décadas o analfabetismo era preocupante, principalmente pelos avanços no processo de desenvolvimento tecnológico, nos tempos atuais, a minha maior preocupação se deve a facilidade com a qual os meios de comunicação oferecem “saberes” que podem ser obtidos com clics em páginas de pesquisas, sem que se atentem para a importância da robustez e fidedignidade das fontes.

Se há muitos anos o plágio é crime, atualmente, a cópia é disponibilizada abertamente. Desta forma, banalizam-se temas importantes porque vivemos numa sociedade moderna, na qual o superficial vale mais do que o essencial. Ora, os avanços pressupõem consistência nos conhecimentos que fundamentam a base de novas propostas de intervenção para qualquer área, seja social, tecnológica ou econômica. Portanto, a meu ver, não se trata de desconhecer os avanços nas metodologias de ensino e no uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), mas, de analisar como elas vêm repercutindo no processo de aprendizagem efetiva. As avaliações no sistema educacional brasileiro apontam deficiências de aprendizagem em linguagens, e essas se agravam na medida em que as atuais competências no mundo do trabalho exigem mudanças eficazes na capacidade intelectual e criativa.

Concluo que, a aprendizagem “fake” tem ampliado o analfabetismo funcional, configurando um modelo de sociedade no qual muitos sabem cada vez menos e poucos sabem diferenciar o que é “fake”, seja em notícias do cotidiano ou na busca por aprendizagens significativas.

 

Iêda Chaves Freitas

28.11.2023

 

Tema da semana- Aprendizado fake.

 

A foto é registro de minha atuação como Secretária de Educação do Município de Mossoró-RN, numa Feira de Ciências, em 2013.