a minha tragédia, segundo um comentário daqui

Faz tempo que não escrevo aqui. Acho que em algum momento, deixei de ser eu. Deixei de escrever como eu gostaria e passei a me preocupar apenas com a opinião dos outros. Pedi conselho pra um amigo e ele me disse que isso não é egoísta. Na verdade, é esquecer-se completamente de mim mesma. Por isso que a minha autora preferida é a Clarice Lispector, ela literalmente não liga pra nada e ninguém. Ela simplesmente escreve do jeito que acha que deve.

Enfim, mas eu costumava escrever sobre o que estou sentido. Isso me ajudava - pelo menos, a terapeuta dizia -. A maior parte do tempo era sobre o sentimento de culpa.

Hoje eu me sinto frustrada. Com tudo. Parece que a história sempre se repete. Até é engraçado, porque encontrei um comentário que um desconhecido fez aqui no Recanto das Letras, que era assim: "Li algumas coisas diferentes que você postou e fui positivamente surpreso — acho que esta acabou sendo uma das minhas preferidas. Você tem um jeito sincero de falar sobre os tópicos, que injeta uma boa dose de humanidade neles e, às vezes, até um pouco de medo de estar sabendo demais. Quem nunca pensou que jamais repetiria o processo novamente e, sabe-se lá quanto tempo depois, repetiu com a mesma intensidade? [...]".

Isso me fez ficar pensando que estou vivendo em um constante ciclo. Que não termina. E isso é tão frustrante. Perdi a fome hoje pensando nisso. Perdi a vontade de viver. Toda a alegria de passar no mestrado foi inútil. Toda vontade de mudança, de ir pra São Paulo, do emprego novo... tudo perdeu o sentido. Eu ainda tenho que aprender que todo relacionamento humano termina em dor. Seja na dor da própria morte. Ou na dor de um coração despedaçado - ou, melhor, estilhaçado.

Nunca me disseram que a vida seria esta constante sensação desesperadora. Essa sensação de caminhar em direção a um sentido certo, mas nebuloso, que aparecem obstáculos e... não dá vontade de continuar.

Eu era feliz antes de conhecer L. Eu penso, "ah não vai ser tão ruim assim". No rebote, eu caio em lágrimas. Mas não sei se prefiro os momentos de agonia de não saber qual caminho é o mais seguro. De não saber se prefiro terminar, ou continuar nessa angustia. Nessa constante discussão, sem fim, de qual posição é certa. Não sei se quero correr o risco de continuar com alguém que quer algo diferente. E que me vê como uma Cruz de Cristo, difícil de ser carregada.

Sinceramente, Sr.desconhecido do comentário, eu cansei de viver nisso. De sentir tudo intensamente. Eu cansei. Dói, sabia? Dói porque toda vez é a mesma coisa. Eu me entrego. Eu me frustro. Eu me machuco. Eu termino com crise de ansiedade, vomitando no banheiro, perdendo peso, sem fome de nada.

Eu cansei.