A VIRGEM DO VESTIDO VERMELHO

Evaldo da Veiga

Um vestido qualquer lhe ficava bem: rosa pureza,
amarelo calor, azul ternura, qualquer um... 
Mas o Anselmo, não se sabe o porquê,
queria Bethinha de vermelho. E não era só o vestido, 
a calcinha também, o esmalte das unhas, a rosa no cabelo, 
ele queria uma Virgem De Vermelho.
Isso fez com que a Bethinha sorrisse, 
mostrando aquele montão de dentes lindos,
que por sinal, por exigência do Anselmo, 
teria os de frente ligeiramente vermelhos, cor
produzida no momento de pintar os lábios, 
um acidente proposital... 

Bethinha estava encantado com a evolução 
constante do Anselmo que crescia a 35% por trimestre, 
desde que o Brasil amargara o menor 
crescimento das três Américas, comparado somente, 
em rabeira, ao pobre Haiti em guerra civil faz anos.
- Anselmo, meu pururuca lindo, estou encantada, 
embora não tendo entendido tudo.
- eu de vermelha entendi, eu Virgem amor?
- Sim querida, bem virgem para o teu primeiro dia, 
do teu tempo que inicia sempre,
você meu lindo amor. Virgem nos momentos 
de ternura e calma, e também quando o vento sul
anuncia a tempestade...
Você minha linda, sempre virgem em nossos momentos.
Com o frescor das pétalas que se abrem 
para o primeiro momento de vida;
virgem como Messalina em sua milésima primeira sessão!
Como Maria mãe... e Madalena que não se arrependeu
e nem devia.
E por seres virgem...
VEM!

evaldodaveiga@yahoo.com.br