EU, Dr. MANÉ

(07/12/2022)

 

 

Claro que o título remete, de certa forma, ao filme no qual um robot se rebela frente a uma espécie nefasta de ordem mundial.

 

Outras ilações, contemporâneas, também podem ser metaforicamente coletadas.

 

Hoje é um dia comemorativo.

 

Este ano a poesia perde para a prosa, que vem na esteira de uma hipocrisia com pano de fundo na mesa posta de vinhos e lagostas e filés dourados.

 

Quando, 45 anos passados, vislumbrava uma imensa interrogação sobre a profissão que se iniciava, absorvi de um discurso a máxima que situava o bem estar social no cerne da saúde coletiva e individual.

 

Não foi difícil perceber, ao longo da trajetória, a força verdadeira das palavras daquele dia.

 

E nelas galopei, nessa deliciosa convivência pediátrica, felicidade repartida por trocas de risos e choros e ensinamentos que só a regressão diária à ingenuidade da infância torna possível.

 

Não há como mensurar o quanto o diálogo, a troca da fala e da escuta, o amor pelo outro, foi ao longo destes 45 anos mais forte do que qualquer droga ou exame complementar no processo de cura sustentada do adoecer de cada pequeno e de seus pais.

 

Costumo dizer que nunca salvei ninguém, a não ser a mim mesmo, enquanto busquei a cada dia uma nova verdade a partilhar com aqueles que me trouxeram o presente das suas vidas.

 

Parabenizo todos os colegas que partilharam deste caminho.

 

Lamento o fato de não termos usado toda a força que tivemos em mãos para objetivos maiores, pois sem dúvida percorremos este tempo com justas realizações pessoais, mas não acho que tenhamos conseguido honrar aquele preceito do final de nosso discurso.

 

Talvez, neste tempo que ainda nos acolhe, tenhamos desafios maiores para vencer e verdadeiramente nos glorificar.