O Vazio do Toque Humano (Cadáver Vivo)

Certa feita uma professora com quem eu trabalhava (e por quem eu me apaixonei por algum tempo – a lembrança disso parece um pequeno diabo que ora ri da gente, ora chora, pedindo colinho para, caso tiver seu pedido atendido, começar a te maltratar...) pediu que eu tocasse seu rosto com minhas duas mãos. Contextualizando o troço todo: estávamos na biblioteca da escola. Eu disse a ela que tinha um bloqueio nela. Que não conseguia me aproximar dela. Ela disse que não me queria mal. Daí me pediu para tocar seu rosto (ê, diabo: será que não foi ela que tocou o meu rosto? Ah, sim, sim: foi ela quem me tocou – é preciso fazer justiça à memória do que efetivamente ocorreu). Ela me tocou. O seu toque era frio, neutro, inumano, tal e qual uma pedra... Como se eu tivesse sido tocado por um cadáver... O toque do que viera um dia a ser A Última Rosa Viva... A Rosa de Vidro! A Rosa de Vício! Ah, Rose, a vida continua...

P. S. Esse toque cadavérico se devia por eu ter me apaixonado por uma imagem que eu criei dela – e não me apaixonado por ela. Sua imagem em minha cabeça era algo desejável. Ela, no entanto, não era nada para mim.