Lembrando Rubem Alves

HOJE amanheci ainda mais pessimista com a situação do mundo. Não dá para segurar a sensação de perigo. Perigo para toda a humanidade. Embora seja alguém que cultiva a esperança - o sonho do homem acordado, não sou um otimista, acho que otimismo atualmente é babaquice. Lembrei um trecho de um escrito do saudoso professor Rubem Alves que retrata meu estado de espírito diante do nosso mundo conturbado onde a guerra e a miséria daí as cartas e jogam de mão;

“Hoje não há razão para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo. O otimismo é quando sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração. Camus sabia o que era a esperança. São duas as palavras: ‘E no meio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um verão invencível’. Otimismo é alegria ‘por causa de’, coisa natural. Esperança é alegria ‘a despeito de’, coisa divina. O otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas ele morre. A esperança se contenta com pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce. Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje é tudo que temos, morangos à beira do abismo, alegrias sem razões. A possibilidade da esperança”.

Que Deus nos proteja e nos dê esperança e paz. William Porto. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 10/12/2023
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