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A PASSARELA DOS MEUS SONHOS

 

Aqui, pensando na trajetória dos meus dias, na passarela dos meus sonhos, no desfile de minhas ilusões, na crença de meus pensamentos e nas memórias construídas, até então. Relembro as pessoas que fizeram parte do meu cotidiano ao longo do tempo. Lá atrás, posso ver uma enorme fila, gente que em algum momento dividiu um pouco de sua história comigo, gente que me deu as mãos para uma prece, gente que me socorreu e foi acolhida por mim, gente que sorriu e chorou comigo, gente que amei e me amou e gente que magoei e me magoou. Enfim, gente que até disputou a coxa do peru, numa comemorativa Noite do Natal. Revejo muitas crianças, adultos e idosos na varanda da minha casa, uns sentados, alguns de pé e outros deitados nas bonitas redes, ali armadas. Relembro a mesa farta de variadas comidas natalinas, além de outras do cotidiano das pessoas presentes, como costela, pirão, mungunzá, vatapá, dentre outras guloseimas. Com pratos muito bem servidos, ouviam-se burburinhos, fofocas, gargalhadas, sorrisos, abraços, trocas de presentes e muitas brincadeiras divertidas. Hoje, véspera de Natal, data que nos remete à família, reflito sobre a escassez daquelas pessoas que antes fizeram a minha festa acontecer. A mesa até nem mudou de tamanho, mas alguns assentos permanecem vazios, devido às sentidas ausências de pessoas animadas e queridas de outros natais, pois muitos já partiram no velho, apressado e temido trem da vida. A vovó não está mais ali, com sua risadinha alegre e sua impertinência para dormir cedo, meus pais também deixaram seus assentos vazios, bem como a minha querida mana, faceira, cintura fina, a mais linda de todas as irmãs, dizia ela. Amava uma festinha de aniversário para receber os familiares e amigos; de um irmão, sempre presente, não se escutam mais suas tiradas engraçadas, características dele, o animador da festa, também fez a sua despedida; sogros e alguns primos completaram os seus itinerários eternos. Outros membros da família seguiram destinos diferentes. E assim, hoje, meus devaneios me trouxeram um a um, até consigo visualizar seus rostos, seus trejeitos, suas vestes coloridas. Posso sentir o perfume, o afago, o carinho, o amor, a presença cativante de cada um deles, presentes em muitas ocasiões da minha caminhada, da minha história de vida. Agora, restam-me as imorredouras lembranças e eternas saudades desses entes tão queridos.

 

Revisão ortográfica:

Humberto Fontinele Lopes

Fortaleza-CE