Nelson Rodrigues disse: Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nú. O nú é libertador, mas aprendemos desde criança a sentir vergonha do nosso corpo. É também uma velha maneira de inibir o sexo. A nudez do corpo é a maneira mais delicada e ao mesmo tempo mais agressiva de exposição.

          Fomos acostumados a ver a mulher sendo sexualizada em todos os momentos: playboy, carnaval, cabarés, cinema e televisão. A mulher pode e o homem não? Machismo? Com certeza. É o mais puro e genuíno machismo. Madonna tornou-se uma das maiores estrelas da música pop, mas também apanhou muito, ao mostrar as mulheres nos anos 80, que o homem pode sim ser objeto sexual. As mulheres deliraram e os homens ficaram com medo e estão até hoje.

          Como qualquer ser humano aprendi a ter vergonha da nudez, até que percebi o quão libertador é amar meu corpo do jeito que ele é. Desde então não tenho mais vergonha de ir a uma praia de nudismo, por exemplo. Quem me quiser, vai ter que me querer do jeito que eu sou: sem filtro, completamente real. Nascemos nús e deveríamos morrer nús. Por que nos vestir no caixão? Por que não colocar apenas flores sobre nós? Por que damos tanto valor ao que vai se decompor?

          Outro dia li uma frase em um caminhão que chamou minha atenção: apreciar a nudez do corpo é muito fácil, agora enxergar a nudez da alma é preciso muita coragem. Um viva para a nudez em toda a sua plenitude.

José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 27/12/2023
Reeditado em 27/12/2023
Código do texto: T7963363
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