A INSUSTENTÁVEL AUSÊNCIA DO TER

Inevitável é a comparação de outrora com os tempos de hoje.

Lembro do tempo em que passávamos férias de fim de ano na fazenda dos meus avós maternos, época em que a farra com os primos corria solta.

Mal acabávamos o café da manhã e nos organizávamos para as aventuras do dia, percorrendo as terras da fazenda, tirando frutas do pé, tomando banho de riacho ou atiçando novilhos e saindo em desabalada carreira para subir na primeira árvore a fim de escaparmos dos chifres dos bichos.

A alimentação era saudável. Tudo que se consumia era produzido na fazenda. E olhe que nem energia elétrica tinha. E nem fazia falta.

Não tinha geladeira, televisão e lâmpadas. Iluminavam as salas os fifós, espécie de candeeiros a gás, aliás, o gás era um dos poucos itens que não se produzia na fazenda.

A moenda era movida a tração animal e com esse equipamento era moida a cana, feito açúcar, rapadura e melaço.

A farinha de mandioca também era produzida na fazenda, tanto para alimentação quanto para comercialização aos sábado na feira de Nazaré.

Não tínhamos energia elétrica e nem sentíamos falta. Nem por isso passávamos necessidade. Tudo se ajustava no seu tempo.

As crianças brincavam de maneira coletiva e eram felizes. Doce infância!

Tempos de século 21! Quanta diferença!

O celular virou uma espécie de marca passo. Ninguém ousa se distanciar dessa maquininha demoníaca sob pena de desenvolver uma taquicardia ou crise de ansiedade.

As pessoas desenvolveram uma espécie de egoísmo cuja característica é o isolamento social e a dependência irrestrita ao celular.

Irmãos mal se falam, cada um com um celular na mão. Pai e mãe, se comunicam por mensagens. A família se desconhece. Acabou o vínculo afetivo.

Alimentação a base de produtos químicos e conservantes.

Penso até que o reflexo disso é o comportamento dos indivíduos que não mais se reconhecem com o sexo que nasceram e se denominam com as mais diversas aberrações. Não parecemos mais humanos. Seríamos nós extra terrestres?

É! O mundo está mudado. Para pior!

Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 07/01/2024
Código do texto: T7970934
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