MINI FLORESTAS URBANAS: ENTRE O OÁSIS E O DESAFIO

 

Moacir José Sales Medrado[1]

 

 

Nas entranhas das cidades “modernas” sufocadas pelo concreto, a natureza busca seu espaço entre os prédios cinzentos. A partir desse cenário, vem tomando vulto em todo o mundo a ideia das mini florestas urbanas, oásis verdes em meio ao deserto de asfalto.  As mini florestas urbanas podem desempenhar um papel fundamental na mitigação, ajudando a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, e, também, na adaptação, tornando as cidades mais resilientes aos impactos climáticos.

 

Os ourives dessas pequenas joias, prometem trazer consigo não apenas um alívio visual, mas também benefícios tangíveis. Elas estão se tornando símbolos de esperança, convites para que as cidades se reconciliem com a natureza, dando um novo significado aos espaços urbanos.

 

No entanto, vozes de alerta vem surgindo em meio à euforia verde, levantando questões sobre os possíveis riscos que essas mini florestas poderão trazer. A possibilidade de transformarem-se em criatórios de animais silvestres, e com isso, abrirem portas para o desconhecido, como o surgimento de novas viroses.

 

A crônica da relação entre as mini florestas urbanas e os riscos de novas doenças é, sem dúvida, um capítulo em aberto. O desafio está em equilibrar a busca pela harmonia com a natureza e a necessidade de precaução diante de ameaças invisíveis. Dançamos na corda bamba, apreciando a beleza da paisagem e gerando espaços verdes importantes enquanto nos mantemos atentos aos desafios que surgem a cada passo.

 

Numa cidade onde as mini florestas urbanas brotam como promessas de renovação, a reflexão sobre seus benefícios e riscos é essencial. Sim, esses pequenos refúgios verdes podem ser um antídoto para a asfixia urbana, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas, reduzindo o calor, purificando o ar e oferecendo abrigo à biodiversidade.

 

No entanto, é preciso reconhecer que, como em qualquer história, há nuances e dilemas a serem considerados. O equilíbrio está no cuidado, na gestão responsável dessas áreas, na consciência de que a convivência com a natureza exige respeito e precaução. As pequenas florestas urbanas, como personagens dessa narrativa urbana, podem desempenhar um papel vital na construção de cidades mais sustentáveis, mas somente se dançarmos com elas no compasso sensato entre a utopia verde e a realidade complexa que a envolve.

 


[1] Engenheiro Agrônomo (UFCE), Especialista em Planejamento Agrícola (SUDAM/SEPLAN-Ministério da Agricultura), Doutor em Agronomia (ESALQ/USP), Pesquisador Sênior em Sistemas Agroflorestais (EMBRAPA – aposentado), Consultor Agroflorestal e Proprietário da Medrado e Consultores Agroflorestais Associados Ltda.