O carnaval avança sobre o trabalho

O carnaval avança e engloba dias de trabalho

por Márcio de Ávila Rodrigues

[12/02/2024]

O aproveitamento do carnaval no decorrer das últimas décadas exemplifica bem o avanço das forças antitrabalho sobre as forças do trabalho.

Neste caso, preguiça não é o antônimo adequado para trabalho, pois quem curte carnaval gasta muita energia.

Quando eu era jovem, o único dia em que as atividades empresariais eram fortemente afetadas pelo carnaval era a terça-feira. Na segunda-feira todo mundo trabalhava e domingo sempre foi domingo.

Aos poucos, patrões de empresas privadas e dirigentes de empresas públicas foram dispensando os funcionários na segunda-feira, inicialmente criando crédito de compensação. Em algum momento a dispensa virou regra e os poucos que nadavam contra a corrente aderiram.

O próximo passo foi a adesão da manhã da quarta-feira. E também foi executado.

Depois foi o sábado, que já era tradicionalmente meio expediente, e virou um início informal do carnaval.

Mais recentemente criaram o pré-carnaval no fim de semana anterior.

E eu já observei pelo menos um pré-carnaval no fim de semana anterior ao pré-carnaval.

Dizem que o Brasil é o país do futebol e do carnaval. No caso do futebol, o domínio já acabou, ainda que continue sendo um time grande. Mas exatamente no fim de semana carnavalesco de 2024 a seleção brasileira foi eliminada da "pré-olimpíada” e não vai participar do maior e mais tradicional evento esportivo do planeta.

Mas não perderá a coroa carnavalesca pois os países mais adiantados respeitam muito o trabalho do ser humano e não vão permitir o predomínio da diversão.

Sobre o autor:

Márcio de Ávila Rodrigues nasceu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, Brasil, em 1954. Sua primeira formação universitária foi a medicina-veterinária, tendo se especializado no tratamento e treinamento de cavalos de corrida. Também atuou na área administrativa do turfe, principalmente como diretor de corridas do Jockey Club de Minas Gerais, e posteriormente seu presidente (a partir de 2018).

Começou a atuar no jornalismo aos 17 anos, assinando uma coluna sobre turfe no extinto Jornal de Minas (Belo Horizonte), onde também foi editor de esportes (exceto futebol). Também trabalhou na sucursal mineira do jornal O Globo.

Possui uma segunda formação universitária, em comunicação social, habilitação para jornalismo, também pela Universidade Federal de Minas Gerais, e atuou no setor de assessoria de imprensa.