Sair de casa sempre rende umas risadas...
Inquirida, informei uma senhora quanto ao horário do próximo ônibus. Ai de mim que não sabia! — portar notícia do atraso transformou-me, aos olhos dela, na mais imediata responsável pela rota de todo o transporte público londrinense. Irritou-se comigo, acomodou-se ao meu lado e resolveu esperar. Esperou, esperou mais e mais um pouco. Ao cabo desse tempo, já havia parado minha leitura para lhe informar as horas umas três vezes, e carranca crescia insatisfeita das sobrancelhas ao bigode.
"Portuguesa", pensei eu.
Quando o ônibus despontou do outro lado da rua, enfim ali para todos nós, porém tarde demais para o gosto e conveniência dos planos que a patroa tinha para o dia, ela me olhou bem no fundo dos olhos e disse, num tom daqueles que implicam que alguém ali, qualquer um, devia caçar jeito de ir logo se importando: "Não vou mais!"
Foi assim, anunciou o fim do mundo e, dando as costas para mim, e sumiu numa fincada tão ligeira que me deixou para trás entre comer fumaça e mangar da velha: "Por que diabo não foi a pé, minha tia? Já estava lá!"