O presente da criança

 

A campainha toca.

Era uma noite de verão, por volta das 19h de um domingo. O garoto de aproximadamente dois anos, em comemoração pela visita, tentou abrir a porta. Sem êxito, por ainda não alcançar a fechadura, esperou que seus pais assim o fizessem. Alegrou-se com a chegada do casal de amigos da família, e se entusiasmou com sua presença agradável, e mais ainda, por trazerem-lhe presente, como de costume, e por serem pessoas muito queridas da família.

O menino recebeu o presente e saiu correndo pela casa para desembrulhá-lo.

Sua alegria, bem como a alegria dos adultos, era indisfarçável.

Sentou-se no sofá, com um sorriso de orelha a orelha, divertindo-se por ora, com o barulho do papel e a euforia que o momento lhe causara.

Seus pais compactuavam com suas emoções e aguardavam a extensão daquele sorriso até a descoberta do presente, assim como esperavam ansiosos e contentes para verem a reação do garotinho.

O garoto não conseguiu abri-lo e pediu a ajuda da mãe.

Ao rasgar o papel, depararam-se com dois pacotes, e a criança gritou:

— Uau!

Todos permaneceram parados e olhando na mesma direção.

A mãe seguiu ajudando-o a abrir os pacotes de presente, enquanto a madrinha do garoto foi falando:

— Mamãe, se não couber nele, ou se não gostar, tem trinta dias para troca.

E o padrinho seguiu o ensejo e disse:

— O outro presente não precisa de troca, ele vai gostar muito.

Pelo o que se podia notar, cada um deles, havia escolhido um presente ao seu gosto.

Simultaneamente, os presentes caíram da mão da mamãe em cima do sofá. O garoto, com seu olhar naturalmente rápido e curioso, retirou aquelas peças de tecido, sem nem ao menos querer ver o tema dos personagens estampados na camiseta, atirando-as ao chão, enquanto agarrava-se àquelas pecinhas coloridas e mágicas, sentando-se ao chão para montá-las.

Sua mãe, um pouco envergonhada com a atitude da criança, pegou a roupinha do chão e mostrou-a à criança, que nem levantou a cabeça para vê-la, por já estar brincando.

— Olha, filho, é do Rei Leão.

Entre vários assuntos que surgiam, ouvia-se alguém dizer:

— É assim mesmo, criança gosta de ganhar brinquedo.

— Quem mais gosta que o filho ganhe roupinhas são os pais.

O menino, quase descobrindo o que se formava com aquelas peças, sentou-se ao lado do padrinho, e logo estavam os dois, entre risos e gargalhadas, brincando com as cores, as formas geométricas, e as curiosidades que aquela tartaruga lhe trazia.

Adultos demoram a entender que crianças gostam do inusitado e do tempo PRESENTE com eles!

 

Autora Márcia Neves