Reticências...

Acho muito estranho escrever datas.

Colocar ali no cabeçalho “11/02/24”. Tipo, uau, 2024. Dois mil e vinte quatro. Isso me faz pensar em como a gente é esquecível e passageiro. Não entendo muito bem e, provavelmente, o que eu vou falar não é muito confiável (e tudo bem), mas já ouvi dizer que não podemos mais abreviar os anos a partir de 2020. Digo, não podemos mais escrever 2020 como 20 ou 2024 como 24, entendeu?

O motivo? Bem, me disseram que é para não confundir o pessoal do século seguinte quanto às datas de documentos deste século com os do passado. Coisa assim.

Século seguinte.

Dá pra imaginar? Já estamos nos prontificando para pessoas que não existem de um século que (não parece que) vai demorar a chegar. Não é doideira?

Um dia, eu não vou estar aqui e nem serei mencionada pela minha própria linhagem. Eu nem sei o nome da minha tataravó.

Assim, tudo que um dia eu escrevi, simplesmente não vai existir ou será tratado como se nem tivesse algum dia existido.

Nunca esperei chegar aos 23 e olha… Eu não mudei muita coisa.

O tempo passa muito rápido ou talvez seja só a matemática mostrando as proporções dos anos de acordo com o que a gente vai envelhecendo. No fim, não importa muito, não faz sentido essa busca por explicações. Os ponteiros continuam correndo.

Quero ser um bom livro.

Doctor Who foi uma série que marcou minha adolescência inteira. O 11° Doutor tem uma frase muito importante pra mim. Ele diz que, no final dos anos, somos apenas histórias, então, que possamos ser boas histórias.

Quero ser um bom livro!

Já pensou na quantidade de livros nunca escritos ou publicados? Ou na quantidade de livros que a poeira do tempo esconde pelas prateleiras da História? Não é loucura?

Eu sei que um dia eu vou ser só mais um livro, uma narrativa perdida ou danificada pelas décadas. Penso muito não sobre a história que quero contar, mas sobre a que quero escrever.

Escritores medíocres, em sua maioria, são os que se deixam influenciar facilmente pelas opiniões casuais de seus leitores, podendo mudar todo o rumo de suas histórias a cada comentário ácido (ou não).

Não há consistência. E não é errado se influenciar, mas cuidado.

Bons escritores são os que permanecem com boas ideias até a última página e estão sempre prontos para ponderar sobre bons conselhos. Eles riem com os que se aproximam afetuosamente pela sua escrita e observam confiantemente os que tentam, a todo custo, impor suas ideias pessoais em sua obra.

Gostar do que se escreve é uma valiosa e preciosa chave que vejo sendo frequentemente vendida por aí por conta de comentários alheios.

Estou gostando do que eu venho tentado escrever.