PAVIMENTANDO A ESTRADA ILPF COM OS PRINCIPIOS ESG

Moacir José Sales Medrado[1]

 

Em um país de dimensões continentais, onde o verde da natureza se entrelaça com o dourado das colheitas, nasce uma revolução silenciosa, mas poderosa. O agronegócio brasileiro, espinha dorsal da economia, encontra-se em um momento de inflexão, caminhando rumo a um futuro onde sustentabilidade não é apenas uma opção, mas uma necessidade. No coração desta transformação está a Estratégia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), uma promessa de harmonia entre produção agrícola e preservação ambiental. Mas, para que esta promessa se cumpra, é necessário pavimentar sua estrada com os princípios da Governança, Social e Ambiental (ESG).

 

A ILPF, com sua capacidade de integrar diferentes sistemas produtivos de forma sustentável, oferece um caminho promissor. No entanto, a jornada é complexa e repleta de desafios. É aqui que a ESG se torna nossa bússola, guiando-nos através das práticas de governança que asseguram transparência, responsabilidade e conformidade. Esses princípios não são meros adornos; eles são o alicerce sobre o qual a sustentabilidade se constrói.

 

Transparência na gestão, responsabilidade social e uma inabalável conformidade com as leis são mais do que obrigações; são compromissos com o futuro. Ao integrar essas práticas de governança na ILPF, não estamos apenas melhorando nossa posição no mercado global; estamos construindo um legado de resiliência e prosperidade para as gerações futuras.

 

Histórias de sucesso começam a emergir das vastas terras brasileiras, onde agricultores visionários adotam a ILPF com um olhar ESG. Eles não apenas veem melhorias na produtividade e na saúde do solo, mas também constroem relações mais fortes com suas comunidades e mercados. No entanto, a estrada é longa e os desafios são muitos. A resistência à mudança, a necessidade de investimentos iniciais e a lacuna de conhecimento são barreiras que precisam ser superadas.

 

É tempo de mobilização. Empresários, produtores rurais, investidores e o governo devem se unir em um esforço colaborativo para promover a adoção da ILPF com práticas ESG. A capacitação, o compartilhamento de conhecimento e o apoio financeiro são essenciais para pavimentar esta estrada.

 

Olhando para o futuro, o Brasil tem a oportunidade de liderar a transformação global em direção à agricultura sustentável. A ILPF, enriquecida com os princípios ESG, pode ser nosso maior exportador não de produtos, mas de valores. Valores de uma nação que entende a importância de preservar seu patrimônio natural, garantindo ao mesmo tempo o bem-estar social e a viabilidade econômica.

 

Em um movimento pioneiro, que ressalta a crescente importância da sustentabilidade no cenário corporativo brasileiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabeleceu novas diretrizes para a divulgação de informações relativas à sustentabilidade. Essa iniciativa não apenas reforça a transparência e a responsabilidade corporativa, mas também destaca a urgência em adotar práticas sustentáveis em todas as esferas de negócios, incluindo o agronegócio. À luz dessas novas regras, torna-se ainda mais crucial para as empresas engajadas na estratégia ILPF incorporar e relatar suas ações e impactos ambientais, sociais e de governança de maneira clara e objetiva.

 

A estrada à frente é desafiadora, mas também repleta de esperança. "Pavimentando a Estrada ILPF com a ESG" não é apenas o título de nossa jornada; é o manifesto de uma era agrícola que se recusa a sacrificar o amanhã pelo hoje. Juntos, podemos transformar este sonho em realidade, garantindo um futuro onde o agronegócio brasileiro é sinônimo de sustentabilidade.

 

Esta crônica é um ponto de partida. Ela busca inspirar e motivar todos os envolvidos no agronegócio brasileiro a abraçar a ILPF e as práticas ESG como pilares para um futuro sustentável.

 

 

 

 

 


[1] Engenheiro – Agrônmo (UFCE), Especialista em Planejamento Agricola (SUDAM/SEPLAN – Ministério da Agricultura), Pesquisador Sênior em Sistemas Agroflorestais (EMBRAPA-aposentado), Doutor em Agronomia (ESALQ/USP), Proprietário da Medrado e Consultores Agroflorestais Associados Ltda.