Do amor aos animais

Hoje eu vi uma senhora passeando no Calçadão com um porco, tamanho médio, sendo conduzido por uma coleira. O porco , talvez, uma porca, pois vestia um traje rosa com babados de cores diferentes. Se não estiver enganada, portava também uma joia, tipo uma tiara, provavelmente sem valor significativo, um adereço apenas com o intuito da “dona” mantê-lo bonito e apresentável. O mesmo andava com um pouco de dificuldade, com as pernas traseiras abertas e pisadas inseguras, acredito que pelo fato de porco não ter pés adaptados para pisos que não sejam de terra ou grama. Algumas pessoas paravam, observavam, alguns com aspecto de desaprovação, outros achando engraçado. A tutora , visivelmente feliz, mesmo sem ninguém perguntar, no seu interior parecia estar dizendo : “sim, eu tenho um porco como meu pet.” Ter um pet está em alta, aliás, bom mesmo é ter mais de um, quanto mais, maior é o prestígio do tutor. Se for “exótico” então, passa a fazer parte do alto escalão. São conhecidos como os grandes defensores dos animais. Uma classe que vive numa “Caixinha diferenciada”. Confesso que vivo fora dessa caixinha, a caixinha da vez, tenha um ou mais pet e seja popular. Me pergunto: o que faz uma pessoa que diz amar os animais , acreditar que um porco (a) é muito mais feliz passeando num calçadão trajando uma roupinha ridícula do que num belo quintal com um chiqueiro e uma piscina de lama para se refrescar? Ou acreditar que seu cão está super confortável passeando num shopping barulhento ao invés de estar na sua casinha ou quintal enterrando seu osso? Um amor, no mínimo questionável! Como acreditar que manter 2 ou mais cães dentro de um apartamento minúsculo, com horário para levá-los para fazer suas necessidades fisiológicas nas calçadas e jardins está demonstrando seu amor e respeito pelos animais? Como podem acreditar que manter cobras, lagartos, pássaros, etc , fora de seus habitats naturais estão demonstrando amor aos animais? “ Ah, eu levo meu pet para passear no shopping barulhento, tumultuando, mas sou contra quem solta rojões nos festejos de São João”. No mínimo, incoerente!

Bom, mas voltemos ao porco de coleira e roupinha rosa. Espero que aquela senhora não goste de bacon!

Espero o dia que a sátira de Jorge Orwell vire realidade e os porcos levem seus tutores para passear no chiqueiro. Que a mamãe Pig e papai Pig encontrem seu filhote George e o salve da prisão da torre na selva de pedra. Pepa Pig chora pelo irmãozinho enquanto o ser humano, estranhamente, se diverte.