Doutor Ipso Facto

APESAR de ser cítico ácido dos pretensiosos e metidos a intelectuais, a quem chamo intelectuais em compotas, respeito e até consigo bater papo com alguns saberôtos que falam difícil, mas que isso não se deve a amostramento, mas que é algo normal que faz parte do seu estilo de vida. Tornou-se neles algo espontâneo.

Um deles - já partiu - era coletor ou fiscal de rendas, não era firmado mas era um leitor compulsivo e adorava debater, na verdade fazer preleções sobre literatura e ética. Fui um dos seus ouvintes prediletos. Lembro que volta e meia ele usava a expressão latina Ipso Facto. Ora, é claro que os gozadores logo lhe botaram o apelido de doutor Ipso Facto. Mas não o chamavam assim na sua presença porque ele era sério é muito disposto. Outro vocábulo que usava muito para criticar a mocidade era estróina. A maioria dos jovens para ele era estróina. Não usava irresponsável ou leviano mas estróina. Além disso, como era catolicão conservador usava muito as palavras permissividade e promiscuidade e, claro, luxúria. Não fã lutava essas palavras nas suas preleçoes. Sinto falta dos papos com o doutor Ipso Facto. William Porto. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 11/03/2024
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