Reminiscências Cruzadas

Uma das minhas diversões preferidas são as palavras cruzadas. Quase todos os dias costumo fazê-las com o objetivo de melhorar a memória e, com isso, manter a mente afiada.

Afinal, o cérebro é um músculo que precisa ser treinado bastante assim como os das pernas para caminhar e os dos braços para nadar.

A primeira vez que conheci palavras cruzadas foi quando a madrinha da minha irmã me presenteou com uma revista Coquetel que era enorme. Tinha mais ou menos cem páginas não só deste passatempo, como também Criptograma, Duplex e principalmente o Torto com aqueles cruzamentos de poucas letras e a partir daí, tentar descobrir palavras de quatro letras ou mais.

Foi amor á primeira vista. Imagina um menino que gostava de leituras e enigmas descobrindo que poderia decifrar o código secreto que cada passatempo escondia. Era uma festa toda vez que tinha uma revista destas nas mãos.

A inesquecível revista feita pela Ediouro que faz parte da minha vida até hoje e com ela aprendi muita coisa.

Cada página que resolvia sem usar as respostas era como se fosse a conquista da Jules Rimet, depois de uma final bastante disputada. E acalmava-me depois de uma situação estressante e não é apenas isso o que as palavras cruzadas fazem comigo.

Me ajudam a estimular o cérebro a ter novas ideias e a aprender mais palavras melhorando o vocabulário no processo. E cada revista inteira que conseguia (e ainda consigo, modéstia a parte) completar me sentia como Leonardo Di Caprio naquela célebre cena do Titanic onde ficava no convés gritando que era o rei do mundo.

Quanta coisa aprendemos em singelos quadrinhos descobrindo que o mundo é tão vasto e muito além de nossas bolhas, dos zap-zaps, dos tik-toks e das curtidas da vida?

A modernidade e as redes sociais que me perdoem, mas não trocaria as palavras cruzadas por nada neste mundo hi-tech tão vazio em que vivemos.

Só pra dar um exemplo, tem nas revistas de palavras cruzadas uma figurinha carimbada de três letras que é muito divertida de encontrar que é o famoso rio suíço Aar, que passa por três lagos e desemboca no Reno perto de Waldshut, na Alemanha.

Sem falar de tantas outras palavras que já até perdi a conta. Talvez precisarei de mais crônicas pra lembrar de todas elas.

Aqui faço um juramento que serei um cruzado pelo resto da vida resolvendo quantos enigmas puder em nome do Deus Cérebro.

E assim parto para uma nova cruzada enigmática relembrando de tantas outras que resolvi nestes meus quase 48 anos de vida. Os fáceis, os médios e os cobrões sempre desafiaram minha fé cerebral e a maioria deles, os derrotei sozinho.

Alguns, contudo, precisei dar uma olhadinha de canto pra saber se tinha vencido mesmo o combate ou não. E nelas vejo o quanto evoluí na minha aprendizagem e o que ainda devo evoluir se quiser ganhar as graças da Santa Massa Cinzenta.

As cruzadas bem-feitas te libertam da ignorância e abrem as portas rumo ao paraíso chamado mente aberta.

Experimente este desafio.

Decifre este enigma.

Não se arrependerá.

O cérebro agradece.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 17/03/2024
Código do texto: T8021837
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