“PERSONA NON GRATA”! TERIA SIDO JUSTO ESTE TÍTULO O QUAL RECEBERA?

 

   Tudo bem, tudo bem, eu sei, eu sei muito bem

   Pode até haver certo atraso de minha parte no que agora direi

   Ou que não agradará a alguns (ou mesmo a muitos) no que será lido

   Todavia, insistirei [aqui] a dar a minha opinião

   E deste modo farei

   Contudo, antes de dar prosseguimento, não posso deixar de dizer algom muito importante:

   Infelizmente, pelo fato de que somos às vezes "assaltados" por uma visão precoceituosa a respeito de determinadas pessoas, ou então nos deixamos levar pelo "mecanismo psicológico da identificação", os nossos julgamentos são também comprometidos e, portanto, imperfeitos. Como a se dizer: se percebermos o indivíduo que fala e não tanto suas palavras, pode-se haver uma sentença imperfeita. Serei mais claro: quando não gostamos de alguém, muitas vezes condenamos tudo o que ele diz, da mesma forma que quando temos simpatia por certa pessoa, aceitamos tudo o que lhe vem dela. E é onde se situa um erro de julgamento. Na verdade, somos advogados de defesa de quem tempos simpatia e rígidos promotores de quem [por ele] não simpatizamos. Sendo assim, tente ler com um olhar justo. Estamos entendidos?

 

 

  “Persona non grata”!

   Uma expressão cujo significado é dado a um estrangeiro considerado “inaceitável” por um Governo o qual se sentiu ofendido por tal pessoa. E, embora seja mais aplicado para diplomatas ou representantes de outro país, dependendo da pessoa, pode ás vezes ser-lhe concedido o devido título (não sendo, portanto, necessariamente somente a um político).

 

 

   E eis que então aconteceu, tomado por sua franqueza e visão analítica a determinado fato, no que ele não poupou suas palavras. E principalmente, tomado por sua indignação (ou mesmo revolta) com relação as medidas cruéis e desumanas que aquele Governo estava realizando contra um espaço o qual, sobretudo, inocentes estavam sendo suas maiores vítimas.

 

 

   E nest’hora eu pergunto:

   * Será que houve exagero no que ele afirmou com relação ao Governo israelense? Sim, será que ele “pegou pesado demais” no que disse?

   * Teria sido suas palavras inapropriadas, considerando a pessoa que era? A como se dizer: “não pegava bem para ele ter dito aquilo”?

   * Ou será que ele foi demasiadamente ousado no que expressou seu ponto de vista, da verdade a ter dito o que muitos gostariam, porém lhes faltou a devida coragem?

   Então, será que não estava passando da hora de alguém "botar a boca no trombone"?

 

 

   Pois é! E agora tomo a liberdade de colocar [aqui] as suas palavras, e pediria ao leitor que as analisassem bem:

   * "Tudo isso tem um ar de campo de concentração que me faz lembrar de Auschwitz. (...) Os israelenses se converteram em judeus nazistas."

   * "A repressão israelense é uma forma mais perversa de apartheid."

 

 

   * "Ninguém tem ideia do que acontece aqui, por mais bem informado que esteja. Tudo está arrasado por escavadeiras; as aldeias foram destruídas e nada pode ser cultivado."

   * “Aquilo que Israel está fazendo é perder o capital da simpatia, da admiração e do respeito que o povo judeu merecia pelos sofrimentos por que passou. Já não são dignos desse capital. Deixaram de ser dignos desse capital”. 

 


   “Viver à custa do Holocausto e querendo que se perdoe tudo o que fazem em nome do que sofreram parece um pouco abusivo. Porque aqueles que sofreram, foram mortos, exterminados, queimados. E estes são os descendentes biológicos deles. Mas parece que não aprenderam nada com o sofrimento de seus pais e avós. Não aprenderam rigorosamente nada”.

 

 

   “Há uma guerra completamente desproporcional entre um dos mais poderosos exércitos do mundo e um grupo de gente a quem foi decidido chamar de terroristas, enfim, que têm bombas, que se suicidam, atiram pedras”.

   “Está! E tão presente está que agora está se construindo um muro que obriga-nos a recordar os guetos. Quer dizer, os judeus saíram do gueto, felizmente. Sofreram durante séculos perseguições de todo tipo. E agora, em vez de respeitar o sofrimento de seus antepassados, não fazendo outros sofrerem o que eles sofreram, repetem os mesmos excessos, os mesmos crimes, os mesmos abusos de que foram vítimas”.

 

 

   Pois é, meu amigo, tais foram as palavras por ele pronunciadas em outubro de 2023, no que [ele] comparou a situação crítica marcada pelo sofrimento vivido na pele pelos palestinos produzida pelas tropas israelenses contra este povo.

E de quem estou falando? Estou falando de JOSÉ SARAMAGO. Sim, as palavras anexadas acima foram dele mesmo. E, embora duramente criticado pelo Governo de Israel], e cujo líder era na época Ariel Sharom.

   E o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura ainda completou: "Não retiro nada do que disse".

 

 

   E para quem tem boa memória é interessante lembrar que, pelo fato de que Saramago disse que aqueles eram “judeus nazistas”, tal lhe custou caro, pelo que muitos judeus em Israel devolveram seus livros às lojas. Digo “judeus em Israel” pelo fato de que existem os “judeus da Diáspora”. Na verdade estavam iniciando um boicote aos seus livros. E a principal TV israelense chegou a cancelar uma entrevista a qual faria com ele.

 

 

 Ao que tudo teve início devido as declarações dada por ele quando viajou como parte de uma delegação do “Parlamento Internacional de Escritores” em 2002. E ainda afirmou: "É preciso tocar todos os sinos do mundo para dizer que o que está ocorrendo na Palestina é um crime que podemos impedir".

   E como resposta, o Governo de Israel – pelo Ministro das Relações Exteriores - assim revidou: "É pena que o autor do "Ensaio sobre a Cegueira" seja tão cego a ponto de ser vítima de uma propaganda barata palestina que ousa comparar o sofrimento dos judeus nas mãos dos nazistas à situação que se vive nos territórios", ao que assim disse.

 

 

   Ah! com certeza, no início deste trabalho, o estimado leitor achou que eu estava falando a respeito do Presidente Lula, o qual recentemente fez também uma dura crítica contra o Governo de Israel pelas atrocidades que [este] está fazendo contra o povo palestino. Pois então, meu caro, a história se repete, e, pelo visto, de tempos em tempos está sempre repetindo.

 

 

   Bom, tomo a liberdade de anexar as palavras do Presidente Lula, que, diga-se de passagem, irritaram as autoridades israelenses, a ponto de lhe darem o título de “persona non grata”:  

   * “É importante lembrar que, em 2010, o Brasil foi o 1º país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem de ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus” (18 de fevereiro de 2024).

   E, dado ao teor de sua declaração, foi motivo de manchetes em todos os jornais do mundo.

 

 

   E posteriormente completou:

   * “O que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio, porque está matando mulheres e crianças. Não tente interpretar a entrevista que eu dei na Etiópia. Leia a entrevista ao invés de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel [Benjamin Netanyahu]. O que está acontecendo em Israel é um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares de desaparecidos. Não estão morrendo soldados. São mulheres e crianças dentro do hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio”.

 

 

   Pois então, analisando os dois nomes – Saramago e Lula -  gostaria de lhe perguntar novamente, e pedindo para que tenhas uma ótica real do que está acontecendo comparando com o fato histórico de 2002:

   * Você considera as críticas – tanto as do escritor português José Saramago quanto às do Presidente Lula – exageradas ou então inapropriadas? Sim, digo isto considerando que, pelo menos para os admiradores do ex-presidente Bolsonaro, as falas de Lula não tiveram nenhuma aprovação.

 

 

   Ah! Interessante que naquela manifestação na Avenida Paulista (dia 25 de março deste ano) havia muitas bandeiras de Israel. E quando um repórter perguntou para algumas pessoas o motivo pelo qual transitavam com aquelas bandeiras as respostas chegavam a ser até cômicas (de tão ridículas que eram).

 

 

   E aqui anexarei as devidas falas:

   - "Por que vocês estão com a bandeira de Israel?" –Pergunta o repórter a uma mulher

   - "Porque somos cristãs, assim como Israel" – Responde a entrevistada

   - "Mas vocês sabem que Israel não é cristão, não é?" – Insiste o repórter

   - "Mas Israel nos representa". – Respondendo assim a pessoa

   Ridículo, não? “Israel nos representa!!!”. Sem mais comentários!

 

 

   Mas, caso não acredite no que foi lido, clic então no link: https://www.youtube.com/watch?v=KIbsSHxPYrs

 

 

   Bom, mas voltando ao que iniciamos, caso venha a “absolver” o incrível José Saramago (desobrigando-lhe da culpa imputada) por que condenas o Presidente Lula, a se saber que ambos disseram “a mesma coisa” contra “o mesmo personagem”? Meu prezado, já lhe passou pela cabeça que muitos estadistas talvez até gostariam de falar o que Lula falou, porém lhes faltou coragem?

   Meu querido, até o Presidente Joe Biden já demonstra que Israel está sendo “o vilão da estória”, no que recentemente ele disse: “Israel pode perder apoio se continuar com investida contra a Palestina”, diz democrata.

 

 

   Oh, estimado leitor, acredito que você (assim como eu) nunca esteve num campo de guerra, ou mesmo nunca passou fome, sede, ou alguma necessidade corporal. E, é claro, não deve ser sobrevivente de um campo de concentração nazista, oh! com certeza, não (que Deus nos livre e guarde!). Sim, e que assiste as tragédias humanas pela televisão no conforto do sofá de sua casa, comendo um tira-gosto, uma pizza ou pipoca, bebendo uma cervejinha ou um suquinho, tal como a se dizer, vendo o mundo de “maneira estoica”, já que você não pode fazer nada para que [ele] mude.

 

 

   Isso mesmo, eu tenho certeza de que em momento algum de sua vida você jamais comeu cactos, comida de cachorro ou coisa parecida. Mas, caso sejas um adorador daquele “presidente negacionista”, e devido a sua ignorância, até acredite que o que se passou na televisão durante a “pandemia da COVID-19” era tudo encenação hollywoodiana ou global, só para causar pânico nas pessoas, e assim, tudo era mentira, já que se tratava de “um vírus criado pela mídia” (como desta forma afirmava o seu “mito”), só que não!

 

 

   Caríssimo, serei breve, e só para completar (ainda que repetindo): Você considera mesmo exagero (ou inapropriadas) as declarações tanto de Saramago quanto de Lula com relação ao que Israel fez e faz com frequência aos palestinos e, principalmente agora, com inocentes (crianças, mulheres, idosos) em Gaza? Oh! Talvez se estivesses na pele dos palestinos a sua opinião seria outra! É verdade: é preciso muita “empatia” (colocar-se no lugar de alguém) para poder entendê-lo.

 

 

   Meu amigo, nenhum lutador de MMA ou UFC precisaria provar que é forte e valente (ou mesmo um campeão) batendo e espancando uma criança. O mundo inteiro sabe que Israel é forte, mas no momento ele não está “separando o joio do trigo” (já que não está usando tanto a inteligência, mas somente a força), considerando que está acabando (literalmente) com a vida de inocentes (quando deveria focar somente nos terroristas), motivo pelo qual está tendo a desaprovação de todos (ou, pelo menos, dos que são sensatos).

 

 

   Bom, vou parando por aqui, pois está na hora de realizar os meus diários serviços judaicos de oração, afinal eu sou “um judeu de coração”.

 

 

   Post Scriptum:

   Só para que fique bem claro: existem dois tipos de Israel: o Israel da Bíblia e o Estado de Israel (criado em 14 de maio de 1948), sendo este administrado hoje por um sistema político de extrema-direita, que, diga-se de passagem, está muito longe do Israel da Bíblia. E o atual Estado de Israel lembra mais o Egito dos faraós, e onde os palestinos (sobretudo os que moram em Gaza) lembram os hebreus do Antigo Testamento.

 

 

18 de março de 2024

 

IMAGENS: INTERNET

 

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 18/03/2024
Reeditado em 18/03/2024
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