A divina missão de ser mãe

Fico imaginando como seria a Mamãe. Andar seguro, olhar sincero e firme, coração ingênuo e cheio de bondade... Imagino-a entrando na Igreja, naquele dia tão singular e festivo, a sonhar com um belo porvir. Vida nova, vida a dois que lhe parecia sorrir, mas na realidade tão difícil.

Vestida com roupagens de festa, na verdade estava se revestindo da força Divina, para iniciar uma missão: ser mãe de uma numerosa prole composta de quatorze filhos. Seu útero íntegro favoreceu o desenvolvimento harmonioso e saudável dos fetos ali gerados, como se gerados fossem no colo de Deus. Com muito amor carregou em seu ventre, sem reclamar em momento algum, o peso da gravidez de 16 filhos, dos quais dois faleceram antes de completar um ano de idade. Todos nasceram de parto normal, com acompanhamento apenas de parteira.

Com muito carinho preparava o enxoval de cada filho como se fosse o primeiro e único. Engordava os frangos e estocava as garrafas de manteiga do sertão, para consumo durante o resguardo que durava quarenta dias. Nunca fez distinção entre os filhos, embora tivesse um cuidado especial pelos menores e pelos mais fracos. Com muita sabedoria atribuía aos filhos mais velhos a função de cuidar dos mais novos e assim criou os quatorze filhos que nasceram praticamente um em cada ano. Essa pedagogia, além de aliviar seus esforços, gerava um grande vínculo de amizade entre os irmãos.

Como todas as mães, ela viveu mais para os filhos do que para si mesma e se desgastou como uma vela que se deixa consumir no altar. Conheceu a ascensão e a queda, a alegria e a tristeza, mas em tudo soube cumprir a divina missão de ser mãe.

LIMA, Adalberto; SOUSA, Neomísia et al. O Brasil nosso de cada dia.