JEITINHO BRASILEIRO - 14/10/6

Faltavam alguns minutos para o recreio começar. Naquela aula, o professor entregara as provas, e havia algumas meninas pedindo a ele uma melhor nota. Visto que os homens gostam de realizar os desejos femininos, ele acrescentou um ponto à nota de cada uma das garotas.

Começou o recreio. Quando fui para o corredor, dirigi o meu olhar à biblioteca e percebi pessoas entrando na fila de fotocópias por um caminho alternativo. Obtiveram êxito: permaneceram à frente da maioria dos alunos que lá se encontravam.

Ao chegar à cantina, vi alunos entregando dinheiro aos seus amigos, para que estes comprassem também o lanche deles. No outro lado, um colega meu tentava enganar a atendente ao lhe pedir “sua” comida. Mesmo sem ter gastado dinheiro, conseguiu comer, pois, teoricamente, os funcionários devem acreditar em seus clientes.

Diante de cenas tão revoltantes, perdi a vontade de lanchar e fiquei na sala de aula até acabar o recreio, questionando-me a respeito dos verdadeiros valores da humanidade.

(Outubro de 2006)