Abril, o mês da história

"[...] Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos" (Darcy Ribeiro)

Abril é o mais importante mês da história brasileira, contém três dias que celebram o “começo”, 22: os invasores chegam e a “história” passa a ser contada, o “meio” (entenda instrumento) 19: os gentios os recebem e tornam-se ferramentas para a ocupação, “o fim”, 21: encerra com a forca aquele que se rebelou contra toda exploração a qual o povo intruso exercera desde que chegara. Assim discriminadas, fica mais fácil a reflexão sobre o sentido dessas datas. É preciso, primeiramente, se atentar para o fato de que, qual fosse a origem dos exploradores que aqui aportassem, agiriam de igual maneira, empregariam os povos existentes para atingir os reais objetivos reais, ainda que com métodos diferentes. Acontece que o tempo produziria, dentre os aqui nascidos, o homem que não mais se percebeu imerso no limbo da identidade, o homem que respondeu, pela primeira vez na história, quando interrogado sobre sua origem: “sou brasileiro!” Bastou proferir essas palavras e, não se sabe de onde, surgiu, como um espectro, um Sr. de fraque e cartola que, aproximando-se dele, olhou-o com desdém e, em seguida, com sotaque luso-inglês, disse: “Tu és um mestiço. Não existe brasileiro! Tu és uma mistura do sangue de dois povos inferiores e sujos, índios e negros, com o meu sangue nobre. Mas ainda que tenha o meu sangue, tu és menor, sujo e pecador. Repita comigo: menor, sujo e pecador... menor, sujo e... isso mesmo” Até hoje aquele Sr., de inúmeras formas, manifesta-se, pois seu fantasma continua presente em nosso inconsciente coletivo. Se quisermos ser o povo que realmente somos, temos primeiro que exorcizá-lo. Para isso, um único método, estudar sobre a verdadeira história da formação do nosso país, a de pleno teor, não a dos livros que estudamos no colégio, porquanto incompleta e, não raro, deturpada propositalmente . E quanto mais imergimos nos fatos, estupefatos, começamos a nos dar conta de que os verdadeiros protagonistas, aqueles que deveríamos conhecer e reconhecer como estrutura óssea do nosso corpo nação, orgulho de uma etnia formada, forjada, muitas vezes foram sabotados, das maneiras mais espúrias e sacanas, por personagens que hoje dão nome a ruas, avenidas e praças...

Ps. Tiradentes não foi o único alferes do movimento que lutou pela liberdade, havia também o principal mensageiro dos conjurados, pois era o mais hábil sobre o cavalo - percorreu em 3 dias e 2 noites 240 km para avisar a todos das prisões ocorridas no Rio de Janeiro. Vitoriano Veloso, ex alfaiate, foi degredado para Moçambique e torturado sob açoite como pena adicional por ser negro.

Ps1. Quando decidiram que os correios elegeriam um patrono, preferiram o jovem Paulo Bregaro, emissário que entregou a Dom Pedro I, em 7 de setembro de 1822, às margens do Ipiranga, a carta enviada pela corôa portuguesa.

Humberto Brusadelli
Enviado por Humberto Brusadelli em 06/04/2024
Reeditado em 21/04/2024
Código do texto: T8036074
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