Eu Não Sabia Empinar Pipa, ou Rodar Peão, Nem Jogar Bolinha de Gude.

Eu era uma criança que poderia ser chamada de “nutella” hoje em dia. Não sabia empinar pipa, rodar peão, muito menos jogar bolinha de gude. Detestava me sujar, inclusive. Eu era uma criança limpinha, asséptica. Mas era um anjinho? Longe disso.

 

No colégio, meu caderno tinha mais tinta vermelha do que azul, devido às advertências que recebia. E minha mãe vivia na escola, por causa das convocações recorrentes que a diretoria me dava. Uma moça da secretaria chegou a dizer para minha mãe desistir de mim, cruel da parte dela. Felizmente minha mãe jamais fez isso. Uma mãe nunca desiste do seu filho. Meu apelido na escola era “pulguinha”, por causa da minha baixa estatura e compleição física franzina. Apesar de ser um tanto indisciplinado, alguns professores das matérias que eu gostava falavam que eu era inteligente.

 

O de história me chamou de nerd, mas um amigo corrigiu, dizendo que nunca fui nerd, porque nunca fui afeito ao estudo escolar. Eu era adepto do "self-made" nos estudos, o que me rendeu o apelido de “Machadinho” pela minha professora de português, que acreditava que eu era autodidata. Certa vez, elaborei uma redação com o título “proxeneta”, cujo significado ela desconhecia, então eu falei para ela procurar no dicionário. Isso a revoltou e ela não quis mais ler minha redação, dizendo que parecia que ela dava aula para alunos da USP, como se ser aluno da USP fosse sinônimo de inteligência.

 

Mas se eu não sabia fazer as coisas do título do texto, com o que eu me entretinha? Ora, fazia as mesmas coisas que faço hoje: lia, jogava videogame e assistia televisão. Também fazia escolinha de futebol, e eu batia uma bola redonda; falavam que, se eu fosse mais disciplinado, poderia vir a ser profissional. Mas logo desisti do futebol. Aliás, uma das minhas paixões é  tanto jogar quanto assistir uma boa partida de pelota. Mas hoje me restrinjo ao segundo.

 

Eu era, portanto, o que sou no presente e o que serei no futuro; a diferença está no refinamento intelectual e aprendizado, que sempre aprimoro com o passar dos anos. Certamente, o David de 21 não é igual ao atual e sabe muito menos. E como diz o slogan da Fisk: “Evoluir sempre, faz a diferença”.

 

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 07/04/2024
Reeditado em 07/04/2024
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