PROCURA E NÃO ACHA
Francisco de Paula Melo Aguiar
Não é de hoje que encontramos pessoas ricas, pobres, sem nada além da vida, procurando o que não acha.
Claro! Porque nada perdeu.
E não acha mesmo!
Não sabe o que procura fora de si próprios, assim ficam a observar o bailar da poeira ao vento da ilusão e do escárnio existencial, onde nada que faz dá certo.
É um posso de água que não mata a sede inexistente.
Isto mesmo, porque tem projetos demais e não sabe por onde começar no chão movediço que alimenta a lama da existência entre o ter e o ser, dividido entre o "céu" e o "inferno" que procura fora de si.
Não tem certeza e nem coerência se realmente existe o inferno e o céu fora de si, porque dentro é uma nave sem remo e sem destino, boiando como água de esgotos existentes e de tratamento desconhecido que alimenta o fornecimento do precioso líquido fecal nas torneiras domiciliares, com investimento zero.
É assim a lei do retorno, onde tudo que se faz ou não se faz, tem retorno garantido e com acréscimo.
É fato de que "na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", segundo Antoine-Laurent de Lavoisier (1723-1794).
Más se transformam os projetos inexistentes, como?
Tanto é assim que "nem um ser humano em cem conhece os seus verdadeiros projetos, os seus reais desejos: daí, tantas procuras vãs de objetos decepcionantes", ex-vi o pensamento de Marcel Prévost , nascido em 1 de Maio de 1862 e falecido em 8 de Abril de 1941, escritor e dramaturgo francês, in “Les Lettres à Françoise” , publicado em 1902.
Assim, o procura e não acha, não existe em nenhum lugar do mundo, porque se trata de si próprio, aéreo, perdido no tempo e no espaço, sabendo que tudo se move, segundo a lei da física, porém, vive a procurar sem encontrar quem botou tudo no mundo para se movimentar e assim tudo continua, porque até as pedras se encontram, menos encontrar o que está fora de si próprio.
A catraca mental ou a resiliência existencial só pode ser encontrada nos projetos que não achamos fora de nós, uma vez que "a escrita é a pintura da voz", no dizer do escritor, historiador e filósofo iluminista francês Voltaire(1694-1778). E assim ninguém sabe o que se passa na cabeça de quem procura e não acha.