RIO, SAÍDA PARA ENGARRAFAMENTOS?

É privilégio de quem sobrevoa o Recife, saindo ou chegando de suas viagens, a noção exata do potencial hidrográfico desta cidade. É visão única e deslumbrante, conjugação de concreto e natureza, num casamento que a frieza das edificações, torna-se adorno, pois a exuberância do verde e das águas, ora do rio, ora do mar, se sobrepõe.

O Rio Capibaribe, no seu caminho, rasga todo o coração da Cidade formando o sangue que corre em suas veias. Pedestres e motoristas irrigam seus viveres, do ânimo e da energia que explode do contato do Sol e da Lua beijando suas águas, ao cruzarem suas pontes e ruas que o ladeiam. Em qualquer direção, são indenizadas nossas insatisfações, por seu trânsito caótico, no vislumbrar ecológico. Porém, o seu trânsito é um problema que se agrava, dia após dia. Urgem soluções imediatas. Falar do rio como saída para os engarrafamentos não é coisa nova. Frustraram-se outras tentativas. A viabilidade econômica é evidente, mas será que estamos preparados ecologicamente? A nossa consciência de preservação do meio ambiente é o que me preocupa particularmente. Argumentaria os interessado – o máximo de esforço se fará para que sua exploração não cause nenhum desequilíbrio.

- Acredito nas tentativas. A visão que temos dos portos, rodoviárias, ou até mesmo de paradas freqüentes de grupos de recreio, é de um ambiente sujo, encharcado, com dejetos, restos de comida e óleos expelidos pelas máquinas e automóveis. Limpeza e equilíbrio revestem-se de utopia. O real é o que vemos.

O trânsito é problema de toda metrópole. Seus interesses, e os da população, são centralizados. A massa trabalhadora se desloca, em determinados horários, num mesmo sentido. Provocar uma descentralização melhoraria a qualidade de vida e desenvolveria outras regiões, além de descongestionar os espaços. O homem jamais conciliará os interesses econômicos com os da preservação. Tudo é limpo e original enquanto o homem não chega, depois! Não quero dizer que o Capibaribe é um santuário ecológico, não, mas é o nosso rio. Sua exploração turística, com pesada legislação para quem contrariar os interesses do eco-sistema, é bem vinda. Traz emprego, movimenta a economia. O planejamento no sentido de preservar é peculiar àquele setor. Dar-nos-á a segurança até mesmo de melhoramentos em seu aspecto. Empreender a exploração como transporte de massa e usa-lo como saída de engarrafamentos de interesses e de carros, sem dúvida é uma tentativa válida. Não só poderá proporcionar dias melhores aos concidadãos ordeiros, como também, será entregue e exposto a vândalos inescrupulosos que na espreita esperam os instantes próprios para realizar suas obras destruidoras. Conclamo à reflexão. Qual o preço mais econômico e eficaz para nossa melhoria de vida? E lembro, já, a preocupação de entidades não-governamentais, que pensam na humanidade, no que se refere a nossas reservas de água doce no mundo.

Manuel Oliveira

Manuel Oliveira
Enviado por Manuel Oliveira em 05/01/2008
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