Meu amor pela literatura 

R. Santana

     Comecei cedo no caminho literário, tinha naquela época, 08 (oito) anos de idade, um pouco mais ou um pouco menos. A minha casa a biblioteca se resumia: um caderno de caligrafia, uma cartilha, um pequeno quadro-giz, lápis, borracha, uma lapiseira e giz. Meus “pais” eram analfabetos de pai, mãe e madrinha de apresentar, porém, exigiam que o filho fosse aluno comprometido com os deveres escolares e se tirasse nota vermelha, a palmatória era a psicóloga e a orientadora educacional, não havia traumas...

     Meu primeiro encontro foi com a “Literatura de Cordel”. Os níqueis que recebia dos meus tios ou do padrinho, eu corria pra banca de livros na feira-livre e comprava: “O pavão misterioso”, “A chegada de Lampião no Inferno”, “O menino que descobriu os pés redondos do Diabo numa festa”, “Sanção e Dalila”, etc. Quando os lia para os meus pais, na mesa da cozinha à luz de candeeiro, era uma festa...

     Eu gostava de literatura de cordel, pois são sextilhas fáceis de ler e declamar, eu cantava com voz infantil para os meus “pais”, as aventuras de “Lampião” , as estripulias do diabo e outros personagens da literatura de cordel.

     Porém, foi no ginásio e no colégio que comecei ter um contato mais efetivo com grandes autores nacionais e estrangeiros. Eu não estudava os livros, eu lia-os por prazer e aprender os recursos que os autores usavam em sua arte da palavra. Machado de Assis, por exemplo, não escrevia de maneira linear, mas, o leitor teria que ler até o final para fechar o enredo.

     Até hoje, nenhum estudioso concluiu se Dr. Bento Albuquerque Santiago foi traído por Capitu com seu amigo Escobar. Ele a exilou e o filho para Europa pelo resto dos seus dias. Depois de muitos anos Ezequiel veio conhecer o pai que para Bentinho foi um suplício porque foi como se Escobar tivesse ressuscitado. Dr. Bento Albuquerque o tratou com gentileza e simulou o afeto de pai. Após, Ezequiel morreu de febre tifóide em Jerusalém numa expedição arqueológica no Egito.

     Na juventude li tudo que podia comprar: Ernest Hemingway, Exupéry, Alan Poe, Tolstoi, Dante, William Shakespeare. Quando fiz vestibular, eu estudei vários escritores e poetas portugueses, Eça de Queiroz, Camões, etc. Porém, Jorge Amado, Drummond, Machado de Assis, Cora Coralina, Lima Barreto, Adonias Filho, Mário Quintana são os meus mestres eternos.

     Faz-se necessário esclarecer que não sou um crítico literário, um doutor em idiomas, um estudioso da literatura brasileira e estrangeira, porém, um autodidata, um leitor contumaz e um “escritor” de poucos recursos criativos e um desconhecido nos meios de expressão cultural do país a exemplo de Paraty / Rio de Janeiro.

     Hoje, honra-me pertencer á Academia de Letras de Itabuna - ALITA, naquela época, fui indicado pelo Dr. Marcos Bandeira, nunca o tinha visto, sabia que era o juiz de direito da cidade. Dei-lhe no primeiro encontro 2 romances de minha autoria, aí, ele me chamou para fazer parte da academia, respondi-lhe que já havia recebido um convite da AGRAL, ele insistiu:

     - Não é só para ser um membro da academia, mas fundar uma nova academia.

     No dia 19 de 2011, eu estava lá no meio dos intelectuais de maior expressão intelectual da terra do cacau e menos de 02 (dois) meses depois, a academia estava pronta como pessoa jurídica, 40 membros efetivos e alguns correspondentes.

     Qualquer academia é formada por pessoas de vida pregressa ilibada e saber literário reconhecido por publicações em revistas específicas ou livros físicos, agora, livros virtuais. No Brasil, o modelo de academia é o modelo francês, fundada por Richelieu em 1635. Não é um grupo homogêneo, pensamento único, briga de egos, por isto, a necessidade de um ESTATUTO e um REGIMENTO pra regular as condutas, senão, seria briga de foice, principalmente, por aqueles mais reconhecidos no meio literário. Porém, têm escritores e poetas humildes que não são egoístas nem arrogantes. Adonias Filho e Jorge Amado eram humildes, solidários e generosos com os novatos, e deixaram histórias eternas.

     Eu não me considero escritor, no máximo, escritor amador, mais um leitor, todavia não tenho inveja quem escreve melhor, Deus não premiou todos com 5 (cinco) talentos: alguns têm 1(um) talento, outros, 3(três) talentos e quem lhe foi dado uma missão maior 5 (cinco) talentos. Acho que para mim sobrou 1 (um) talento.

     Eu nasci pra ser anônimo, vida simples, nunca ser estrela, nunca na primeira fila, nunca serei estrela, a luz da estrela é incandescente e exige sempre que ilumine a sombra e eu gosto mais da sombra, a claridade intensa incomoda os meus olhos.

 

Autoria: Rilvan Batista de Santana

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