A Realidade e o Ser Humano

Sempre me questionei sobre o que é a realidade e nossa relação com ela. Desde a adolescência, essa questão me incomoda. Há quem a enxergue com um olhar místico, crendo que tudo ocorre por um destino predeterminado. Há também aqueles que simplesmente escolhem não refletir sobre isso. Eu, por outro lado, adoto uma perspectiva materialista, tingida por um realismo mesclado com pessimismo.

Imagino a realidade como uma televisão. Nós, seres humanos, estamos diante dela, ávidos por compreender e extrair verdades das informações em sua tela. Esse aparelho nos bombardeia com diversas e desconexas informações, desde as trivialidades diárias até os eventos mais complexos e inexplicáveis, como desastres naturais ou atos de violência. Tais eventos nos confrontam com a brutalidade do acaso, da irracionalidade do mundo, mostrando um universo indiferente às nossas buscas por sentido.

Esta realidade revela-se um palco do absurdo, onde a desproporção entre nossas aspirações por significado e a indiferença do cosmos é gritante. Desejamos por uma série de acontecimentos, mas os mesmos tomam cursos totalmente opostos aos nossos anseios... O universo, a natureza e a realidade agem de modo indiferente aos caprichos humanos. Vivenciar o absurdo se torna, assim, uma experiência fundamental da existência humana. A resposta a essa condição envolve revolta, liberdade e paixão — um compromisso de persistir na busca por significado, apesar de sua evidente ausência.

A realidade é objetiva e independente da consciência humana, mas ela pode ser captada pelo primata pensante e dentro de certas circunstâncias alterada por ele. Assim, o conhecimento válido pode ser alcançado através da prática social e da aplicação de atos racionais sobre as leis que governam a natureza e a sociedade. Soma-se a isso a concepção de que o conhecimento dessa realidade está ancorado na percepção sensorial - os sentidos auxiliam e muito a descrever o mundo como ele é (apesar de suas limitações).

Apesar de ser indiferente a ação humana e absurdo, tudo é um produto de interações materiais, de átomos, ações e reações. Mesmo com toda complexidade, a realidade é acessível ao entendimento humano através da investigação racional sobre os eventos.

Dessa forma, o ser humano aprende a navegar nessa realidade, adaptando-se às mudanças e explorando oportunidades. Não podemos controlar completamente os eventos ao nosso redor, que incluem o acaso e as forças da natureza, mas podemos nos preparar para suas variações. Isso envolve uma habilidade de adaptação, onde ajustamos nossas estratégias conforme necessário para garantir estabilidade nos fatos vividos.

Portanto, a realidade é um diálogo contínuo entre o absurdo dos fatos e a liberdade do agir. É um campo de batalha, não pela conquista de respostas definitivas, mas pelo direito de questionar, de buscar, de existir segundo nossos próprios termos. No fim, o que realmente conta é a paixão de viver plenamente, apesar do caos, apesar do absurdo. A história humana não é escrita por uma força oculta, mas sim por cada escolha tomada, um ato de liberdade contra a indiferença do mundo.

18.04.2024

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 18/04/2024
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