Um time de verdade

Se não me falha a memória, em função da idade, vale dizer, ou melhor contar uma das proezas da turma de eletricidade, no colégio Magalhães Barata. Uma turma inicial de setenta e dois alunos com culturas, temperamentos e ideias diferentes, que foi paulatinamente se esvaindo até findar os três anos do nível médio, com pouco mais de treze alunos resilientes. E dentro desses longos anos, vale lembra alguns professores ou nomes icônicos em nossa memoria de aluno como o nosso querido professor de Língua Inglesa, Bosco, que sempre se irava, principalmente nas avaliações, com a turma da cozinha , liderada pelo irã e um capetão, qual não lembro o nome atualmente (memoria de idoso é um problema) ; Lembro também da professora de Língua Portuguesa e literatura, Marielsa, que nos incentivava a literatura; do professor João Bosco de Português, que empenimou comigo por fazer as avaliações sempre de segunda chamada, por causa do serviço militar. Viva dizendo por trás de mim, que iria me reprovar. Do grande professor Martins, de Física, do Professor Washington de química; do professor Samico de desenho, que garantiu e cumpriu a palavra de dar meio ponto, pra quem precisasse e nesse barco eu fui um dos privilegiados; do grande Professor Reginaldo de Eletricidade, que estava com a gente em todas as dificuldades, do professor Jorge de matemática, do celebre Alfaia, que ainda encontrei na faculdade... da diretora Creozolita, que cuidava da Escola como muito zelo e do Antônio da secretaria, que nos tirava a ansiedade e ajudou muitos a passar de ano; da dona Graça, Inspetora, que ficava conversando e abrindo os olhos das meninas; da dona Raimunda da limpeza das salas; ao professor Obed da educação física, todos com historinhas a parte em nossa lembrança.

Todavia, o que conta é a hegemonia futebolística de uma turma de poucas figuras, mas de grandes feitos. E nesse contexto veio primeiro o campeonato interno da Escola, que participamos, onde o nosso maior adversário era a outra turma, uma de humanas, que o numero não sei precisar.

Um time formado com uns que sabiam um pouco mais o que fazer com a bola, em detrimentos de outros, que não tinham o costume de na rua joga bola. Assim nasceu o time de salão, Eletro cosmo, um pouco de eletricidade com um time de verdade. Uma formação com um goleiro improvisadamente empolgado, que era o caso do Herbert, com Raimundinho dono de um time de rua, chamado Dínamo, Evandro como jogador, ótimo estudioso, Gerson voluntarioso, Dirceu excelente estudante, muito inteligente, mas nunca jogou bola e só participou por falta de jogadores, carteiro, quando aparecia reforçava, Paulo e Alberto os que faziam os gols e a diferença. Se alguém mais jogou, não lembro, mas a participação feminina no colégio também ajudou. E esse time de pouca expressividade foi quem se tornou naquele segundo ano o campeão do Magalhães Barata. Justamente na mudança de comando, que o colégio sofria, passando de Magalhães, para Centro de Formação Profissional , que incluía outros colégio, como o Deodoro de Mendonça e Orlando Bitar. Onde, para movimentar as quadras esportivas, recém estruturadas resolveram fazer um campeonato para todos, onde o humilde Eletrocosmo entraria apenas para participar, pois haviam quarenta e quatro times, dos vários colégios.

Despretensiosamente e contando com as movimentações e cruzamentos de chaves, o momento foi chegando e o time com Dirceu, apenas o nome de bom jogador, Evandro, Gerson, Raimundo Paulo, Alberto e Herbert foram passando por cima dos outros até chegar a semi final contra um time, que vinha avassaladoramente destruindo os seus oponentes. O Jogo foi num sábado á tarde, com um chuvisco, bola lisa e jogadores mais ainda. O time adversário do Eletrocosmo contava com um jogador Rui e outro, que desestabilizavam os adversários, eram artilheiros e viriam a ser meus colegas de farda.

Quando eles viram o nosso time, segundo o Rui, sem quererem rir, menosprezaram e nós na base da garra e da vontade, afinal já estávamos ali, na semi final, de quarenta e quatro times, não era pra qualquer um. Então comemos o piso e os ganhamos de três a um, com um gol do pernalta Gerson, assim definido por eles, que não acreditavam ter perdido pra nós. Entretanto, como dizem os cronistas, na máxima do futebol, que não faz leva e o futebol, é bom por isso, tem as suas surpresas, onde o improvável pode derrotar os invencíveis, que lá na frente provaríamos do mesmo remédio.

Na final o Eletrocosmo do Magalhães Barata com um tal de Juventus, representante do Deodoro de Mendonça, numa manhã de domingo, se não me engano, onde eles tinham um elemento difícil de marcar... Paulo e Alberto se dividiam, quando Alberto levou o terceiro cartão amarelo e saiu do jogo. A partida estava empatada em 2 x 1 para o Eletrocosmo, quando pelo lado esquerdo o elemento, que estava dando trabalho chutou uma bola sem muito preciosismos e esta, que estava lisa passou pelas mãos do nosso goleiro Herbert era o empate. Como se não bastasse Paulo também saiu também pelo terceiro amarelo e logo em seguida, eles fariam o terceiro gol, que dava números finais aquele jogo. Sem reação o Eletrocosmo, com Herbert, Evandro, Gerson, Carteiro e Dirceu em quadra naquele momento, porque Paulo e Alberto estavam fora, sucumbia de vez ao time Juventus com o escorre final 3 x 2, que os sagrou campeões e nós os vices.

Muito além das medalhas, além das memorias individuais, esse feito, de um time de passeio, como tantos outros, entra pra história contada, sob a essência da amizade, muito além do futebol, uma força, que encanta e perpetua. Fazendo muitos, que ao lerem irão viajar no tempo da idade e lembrar também das suas, boas peripécias, enquanto alunos de um banco de escola.