Amanhã, o prego
Amanhã, sem falta, eu bato um prego ali. Um prego de aço. Prego normal, desses que envergam fácil, nesse reboco duro, massa bem-feita, três carrinhos de areia e um saco de cimento, não vai entrar nem fodendo.
A dias que venho planejando martelar esse prego, porém, é sempre assim, vou me metendo em outros afazeres, o dia passa, o sol se põe, a noite cai, a cama chama, e só lembro do dito quando, já deitado, as energias zeradas, e não há mais forças nem sequer pra fincar um prego na areia.
Amanhã. Amanhã porque hoje, hoje já deu tudo o que tinha que dar. Agora, nesse instante, o plano é colocar um disco pra tocar, a princípio um pouco de Queen, o instrumental, tomar um banho, comer alguma coisa, enfiar o Mata Mosquito na tomada, quem sabe, antes, tomar uma xicara de café pra arrematar, e cair pro colchão. Cair pro colchão e pensar. Pensar, porque é inevitável (Por qué no te callas?). E ouvir música. Ouvir até o cansaço chegar ao limite, o sono me nocautear de vez.
E amanhã, amanhã o círculo se fecha e começa tudo de novo. Amanhã, o prego.