FELICIDADE, MUITO JÁ SE DISSE

O assunto já foi, continua sendo e ainda será muito explorado. A felicidade é algo que muitos acreditam entender um pouco que seja e, via de regra, saem cantando por aí as suas infalíveis receitas para que seja encontrada, esteja ela onde estiver.

Houve uma época em que se dizia muito que “a felicidade não existe, existem momentos felizes”. Sem entrar no mérito da profundidade da frase e do que pensava quem a criou, particularmente digo que não simpatizo com ela. Talvez até concorde, mas a forma como foi escrita não me agrada. Quer saber por que não me agrada? Não sei, simplesmente não me agrada.

Entendo ser a felicidade algo extremamente pessoal e aquilo que me faz feliz poderá não fazer outra pessoa feliz. Entendo ainda que determinados fatos não trazem a tão esperada felicidade. Por exemplo: a escolha do Brasil como sede de um campeonato mundial de futebol, a conquista de medalhas por nossos atletas olímpicos, um jogador brasileiro de futebol ser eleito o melhor do mundo, um filme brasileiro ganhar o tão almejado Oscar, uma empresa brasileira ser agraciada como a melhor do mundo, a Petrobrás bater recordes na prospecção de petróleo, etc. Isso vai trazer benefícios a quem? Responda sinceramente, vai deixar você extremamente feliz? Em que sua vida pode melhorar se um filme brasileiro ganhar um tão sonhado Oscar? Isso só interessa aos produtores, diretores, patrocinadores e atores que atuaram em tal filme. Eles sim, talvez tenham motivos para tanta felicidade. A quem mais? Pois é, mas a nossa mídia quer nos empurrar essa idéia goela abaixo, ou seja, todos esses fatos nos fazem felizes.

Por outro lado, existem determinados acontecimentos que nos deixariam extremamente felizes e orgulhosos, como o fim da corrupção nos meios políticos e empresariais, o fim da violência desmedida onde a vida não vale mais nada e a melhoria no nosso precário sistema de saúde pública. Esses sim seriam motivos de tanta felicidade.

É muito comum associar-se a felicidade com a posse de bens materiais. Nossa sociedade estimula isso e as mentes cada vez mais fracas absorvem essas idéias e buscam a felicidade através do dinheiro. Ostentam, brilham, aparecem, mostram-se a todos como seres completos e felizes, mas quando termina a festa e as luzes dos holofotes se apagam, muitas vezes cai sobre elas o manto da tristeza profunda.

O saudoso Dias Gomes, autor da novela “O bem amado” e outras grandes obras da nossa dramaturgia, disse certa ocasião: “Quem veio ao mundo para não incomodar não devia ter vindo ao mundo”. Recentemente, assistindo a um programa na TV Cultura de São Paulo, o entrevistado disse algo como “ser feliz é incomodar”. Parece que os dois combinaram, pois se as duas frases não dizem a mesma coisa, ao menos se completam primorosamente. O incomodar em questão não é prejudicar e nem aviltar a outra pessoa, mas sim fazer algo onde você sinta estar sendo útil para a sociedade em que vive, fazendo a sua parte, aquilo que esperam que seja feito por você. Se outros fizerem a parte que lhes compete, esse círculo vicioso positivo poderá transformar-se nas mudanças e benefícios que tanto desejamos.

De uma coisa eu tenho certeza e muitos também já falaram isso: fórmula para a felicidade não existe. Pode ser igual aqui, pode ser igual ali, mas não é universal. Acredito quando me dizem assim: “a felicidade está dentro de você!” E acho que está sim, dentro de cada um de nós, pois se você decidir-se por não ser feliz, não há ninguém no mundo que poderá fazê-lo.

É muito comum em todo final/início de ano dizer-se assim: “Paz e saúde, pois o resto a gente corre atrás”. É isso, a paz e a saúde é o que mais se deseja a todos. Agora, aquele “resto” pelo qual diz-se correr atrás é que irá fazer a diferença, pois ali poderá estar realmente o segredo da sua felicidade.

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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 08/01/2008
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