Inteiro ou Fração, no Amor?

Acho que a afirmação de que o amor romântico

está fadado a desaparecer e que será substituído por

uma relação de duas pessoas inteiras que não necessitam

uma da outra, é questionável, apesar de muito bem

fundamentada pelo Dr. Flávio Gikovate, médico psicoterapeuta, e por outros autoridades no assunto. Como pensar não é um monopólio das autoridades, estudiosos e professores, defendo aquí a minha opinião.

Não há como duvidar de que o "andar da

carruagem" dos tempos modernos está direcionado para o

fim do amor romântico. Da mesma forma como a algum

tempo atrás, havia um direcionamento para a idéia de

que os filhos deveriam ser criados com total liberdade

para que eles se tornassem adultos seguros e criativos.

Sabemos que essas autoridades estudam a tendência do

comportamento humano a partir das várias situações que

eles presenciam e analisam durante a sua experiência de

ajudar as pessoas a encontrarem soluções para os seus

problemas emocionais. É um pouco parecido com o Ibope

ao antecipar os resultados das urnas de uma eleição: a

divulgação da tendência (no caso do evento ser o

comportamento humano), prejudica a possibilidade de

contradizê-la por convicções pessoais, ou por

modificações no contexto em que ela ocorre, e conduz à

massificação do pensamento.

O que precisamos nos perguntar é se esse

caminho é o melhor para as pessoas se relacionarem de

forma a serem feliz, sem esquecer que nessa relação

deve haver muito mais do que apenas satisfazer os "seus

desejos". Há a família, os filhos, os amigos, a

sociedade ... enfim, uma relação bem mais complexa que

me leva a crer que no amor ou melhor, na "convivência",

jamais deixaremos de nos sentir fração, nem deveríamos

desejar ser unidade.

Creio que ao nosso egoísmo natural, contrapõe-

se sentirmo-nos fração. A convivência deve ser encarada

com uma grande empresa com vários sócios. A empresa não

sobreviverá se cada sócio sentir-se auto-suficiente e

comportar-se apenas de acordo com o "seu gosto" e para

satisfazer os "seus desejos".

Viva Romeu e Julieta! Viva o amor em que a

tesão (libido) é "uma boa meu!", mas não é

indispensável na "convivência", até porque o mundo

moderno oferece a enorme facilidade de "ralar e rolar",

muito, com o "ficar", "tribalismo" etc., sem a

necessidade de "conviver".

Fundamental é sentir que o outro é a sua cara-

metade mesmo! As mulheres sempre estiveram certas em

não aceitar o "andar da carruagem moderna" e quererem

discutir a relação. O que você acha?