ANO NOVO...TUDO IGUAL!

 

2008. Esse ano promete. Ano par. Bissexto. Eleições. Chego de uma consulta médica, no Fisioterapeuta. Coisa de rotina. Porém, tive a notícia que meu dedo mindinho, do pé esquerdo, o qual bati em um móvel, no quarto, há um mês atrás, contrariando a opinião de dois médicos, anteriormente consultados, está quebrado mesmo. Quebrou uma das “falanges”. Doutor Cheng, analisou as radiografias que fizeram  no dia e disse:

- O colega não viu q seu dedo está quebrado? Não!

- Não, digo eu. Por isso estou com dores e inchaço no pé. Paciência! Agora tenho que fazer uso de anti-inflamatórios de novo. – Repouso, recomendou-me, pois agora não tem sentido imobilizá-lo mais. Vinte sessões de Fisioterapia, para recuperar os movimentos do dedo, que está paralisado. E dói... como dói! Volto pra casa, decepcionada com o sistema de Saúde e com a incompetência e falta de sensibilidade dos médicos. E o juramento de Hipócrates, onde é que ficou... Hipócrates!? Quem? Joga no Corinthians??? Meu Deus, em quem acreditar?

Chego em casa, ligo a TV. Vou repassando todos os 150 canais à cabo da Net-Digital.  O BBB está bombando na tela da Globo, o dia todo: - “Ligue para... e ouça o papo dos Brothers, ao vivo!”  À noite, o mesmo de sempre. Bundas expostas, músculos à mostra. De preferência aqueles, abaixo da linha do Equador.

Um horror! Acho que o Brother estava excitado! Depois, confessou-se Gay. Mas já? Estava louco pra soltar a franga e foi logo falando. Segredinhos e amassos, debaixo do edredon. Beijo de língua na piscina... Ah! Essas meninas... Liberdade! Liberdade!? E a vigilância das câmeras espalhadas... Vaidade! Que droga! Lanço mão do Controle Remoto e mudo de canal. Dou de cara com a cara de um Político, lendo seu discurso de campanha. E lendo muito mal! Olhos fixos no tele-pronter, soletrando as frases. Ridículo! A que ponto chegamos com os nossos “Representantes”. Aperto a tecla do controle remoto, novamente. Desastre.

Acidente na Marginal Pinheiros. O resgate do Corpo de Bombeiros, socorrendo um Moto-boy, estupidamente atropelado por um ônibus. Passo. Outro acidente, em outro canal. Uma carreta, desgovernada, tomba, atrapalhando o trânsito, deixando-o mais atrapalhado do que é. A carga? Centenas de caixas de cerveja, espalhadas... O pessoal da favela, ao lado, se deu bem! Invadiram a pista, recolhendo as poucas garrafas que se mantiveram intactas. Chega a polícia e faz uma varredura no local. Ôba!!! Hoje tem festa na favela. Churrasquinho de gato, regado à cerva. Vou adiante. No próximo canal, propaganda das Casas Bahia.

O volume da TV triplica, repentinamente. O garoto-propaganda grita tão apressadamente alto que, além de ininteligível, suas palavras soam como facas ferindo meus ouvidos. Os decibéis vão a mil... Intolerável! Por conta disso, desisti de adquirir aquele aparelhe de DVD que haviam anunciado, pela “metade do preço”. Saio rápido dali, pois o barulho é ensurdecedor... Vou adiante. Agora o esporte. Essa não! Romário, o baixinho, dando entrevista a um Repórter. Mas ele já não havia se aposentado, depois do milésimo Gool e virou Técnico!??

– “ Eu me esscalo, maiss num gossto de trená, pacêro!

Não mereço procuro outra coisa mais interessante, embora eu duvide. Nos canais à cabo, velhos filmes repetidos. Nos convencionais, a mesma droga de sempre. Programas vespertinos, mulheres dando receitas novas de doces e salgados, Paparazzos com suas fofocas e, o pior: na Band, Datena gritando e enfiando goela abaixo (na nossa, claro), a mesma noticia, modelo “mundo cão”, durante todo o programa. É  o mesmo “furo jornalístico” do começo ao fim do programa. Mas ele, ao que parece, não está só. Tem o “Genérico – Geraldo - da Rede Record, aquela do Bispo. Ganha do Datena em tudo: mais gordinho, baixinho e garganta afiadíssima...De resto, tudo igual: o mesmo “furo” sob vários ângulos, até que o programa termine. Será falta de novas notícias, em uma Metrópole como São Paulo?! Ou falta de verbas e competência, para que se faça um Jornalismo de qualidade!? TV Digital! Pago uma nota preta! 150 Canais, pra nada! Uma merda...E agora, o que faço, já que necessito repouso? Que droga! Tenho vontade de sumir de tudo... Sumir de mim mesma. Desligo. Acho que vou dormir... Tomar um tarja preta e apagar até à noite. Preciso assistir o Jornal Nacional pra fiar sabendo das novidades...

– Ai... cadê meus sais!?