"E o luar por testemunha!".

Ontem, terça-feira, [15 de janeiro], à noite, no interstício de [18 minutos] entre o decurso da cidade paulista de [Mogi das Cruzes & Arujá], por alguns momentos achei... - estou só, mas, na realidade, eu nunca estou completamente só, pois em todos os momentos da minha existência insólita, efêmera & transitória Deus está comigo porque sou a sua imagem, ainda que apenas a imagem, porque, filho do homem (Adão, o homem que Deus não criou, mas da humanidade que Deus criou através do homem Adão); perdi a semelhança, &, não estava só, alguém acompanhava não somente o deslizar como, também, o sibilar dos pneus que, insolentes, rodavam sobre o asfalto enegrecido tanto pelos átomos da borra do petróleo quanto pelo efeito inevitável das trevas noturnas.

O espectro lunar de um singelo quarto crescente era, ora sim, ora não, encoberto por três nuvens que, aos meus olhos atentos de sagaz observador, mais pareciam três chumaços de algodão levemente prateados ao luminoso & gélido orvalho que, ininterruptamente, caia sobre o leito verdejante da [Serra do Itapeti.]

Entrementes, eu estava cônscio de que, mais uma vez, encenava a peça da dramaturgia da historicidade humana, a seguir, intitulada [A vida é um eterno caminhar] pela vez de número [23748], &, o Diretor exigirá, por certo, muitas outras apresentações.

Demais disso, na solidão & na efemeride do meu trajeto eu via, simplesmente, árvores que, acortinadas entre pelas trevas da noite, desfilavam sorridentes à orla enegrecidas pelo breu noturno ao longo da [Rodovia Mogi-Dutra] onde estavam afixadas ou, simplesmente, era eu quem deslizava; nem eu mesmo sei!

No salão azul marinho da aprazível noite, o Lua, dançando a [valsa da eternidade] à [384.000] quilômetros lineares de distância me abraçava com os amplexos da amortalidade lunar & osculava-me a face com beijos eivos do melado seco do calcáreo em pó que se faz nele presente... - & eu estava, ali, estático, ainda que o carro estivesse em movimento, entregue aos devaneios da minha própria mente.

As cenas exóticas da minha existência eram rebobinadas & exibidas pela enésima vez na [Casa de Espetáculos Particular] dos meus quatro bilhões de neurônios, &, de repente... - de repente vi não refletida, mas, real, um rosa de cor azulada que, exalando o seu inconfundível perfume, sorria na [lama do monturo.].

Perguntei pelo seu nome & ela disse...- & por acaso as rosas falam? Cartola dizia que [as rosas não falam]; mentira, Cartola, essa fala!

Não consegui entender plenamente porque ainda não adicionei na memória Ram do meu intelecto, o florês; no entanto, as vernáculas enchiam o ar com os seus fonemas & eu, enfim, pude compreender, ainda que nem tudo, algo do que era dito.

A [rosa do monturo] me dizia:... - [Depois de uma noite inteira de um pranto assaz em detrimento das tempestades inócuas da existência insólita, efêmera, transitória, afinal, alguém me insufla no fundo d'alma um alento novo & reconfortador.

Pode ser que, nesses cerca de seis bilhões & meio de viventes, um pouco mais, um pouco menos, não importa, alguém tenha percebido, pode ser que não, mas, o fato, quando eu falo, o primeiro a captar os sons da minha fala sou eu mesmo porque os meus tímpanos estão mais próximos do que os tímpanos do meu semelhante &, nesse caso, eu ouvia:... - [Seja qual for o seu problema, não fique assim. Não vale a pena. Sorria, divirta-se, não faça como as lesmas que se enclausuram no crasso e eterno silêncio dos seus próprios caracóis. Não seja como os corais que ocultam a sua beleza, ali, nas mais profundas águas dos oceanos. Não faça como as pérolas que se deitam nos fundos arenosos dos rios para não serem vistas.].

Basta a cada dia o seu mal!

Viva intensamente o dia de hoje & prepare solenemente o dia de amanhã. Fácil é? Não! Impossível é? Também não!

Ó [rosa do monturo], no céu és uma artista, uma poetisa, uma contista, uma cronista, todas as [istas]... - escritora & um escritor não morre, se transplanta de lugar, no ambiente, no mundo.

Lance-se ao espaço com a velocidade da luz. A luz percorre o espaço a razão de [299.720] quilômetros lineares por segundo...

Decorrido pouco mais de um segundo & passe a vista sob o mundo lunar que se nos apresenta as suas crateras abertas, os seus vales alpestres & selvagens & os seus oceanos inférteis, mas, ali, não se detenha...

Explore ao planeta Venus, Marte, Jupiter, Saturno, Urano, Netuno, Plutão, Sedna, Xena, Coelho & Santa & outros... - estude os satélites Europa, Calixto, Caronte, Umbriel, Titã, Parsiphae, Phebo, Dermos, eleve-se as mais altas estrelas, projete-se ao mais distante infinito, verifique as rotas dos cometas extraviados na noite do seu afélio, contudo, não se detenha... - imagine que corres, assim, por dez, cem, mil, dez mil, cem mil, um milhão de anos.

A pergunta crucial é:... - Onde estás? No vestíbulo do universo? Ledo engano! O Nadir muda-se em Zênite, o centro está em todas as direções, a circunferência em nenhuma, não avançaste um só passo & o espírito de Deus se manifesta em sua insondável potência.

À humanidade, todavia, arrogante em toda a sua historicidade, como mensageiros iluminados, eu & você, temos a responsabilidade de levar o melhor de nossa crassa compreensão, o melhor alento para o alívio de suas almas oprimidas pelas vicissitudes da vida... - pense nisso & Deus esteja contigo!

YOSEPH YOMSHYSHY
Enviado por YOSEPH YOMSHYSHY em 16/01/2008
Reeditado em 16/01/2008
Código do texto: T819418
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