FÉ DE MARCHA RÉ

FÉ DE MARCHA RÉ

Vejo muito desfile de roupas elegantes,

Muito brilho, muito pano, muita solenidade!

Muito incenso, muito colarinho, muito ritual!

Rituais que dá a impressão que estão sendo concebidos

ou foram inventados recentemente.

Muita música sentimental, muita intimidade, muita carência.

Homens que se dizem chamados pelo próprio Deus a serem os profetas de hoje.

Vestem-se como os antigos presbíteros, usam colarinhos eclesiásticos

e alguns até batina, lembrando a Igreja do início do século vinte.

Seminaristas e padres se misturam nas golas eclesiásticas por aí.

Alguns discursos intimistas e cheios de carências de Deus e outros moralistas e

Promovedores mais do demônio do que de Deus mesmo.

Enchem as Igrejas, estádios e barracões de fiéis desejosos de uma vida melhor.

Falam de Maria, dos santos, dos anjos e dos céus.

Pregam curas físicas e psicológicas e quando a cura não chega é porque o fiel ainda não encontrou o verdadeiro Deus.

Enquanto isso, um outro grupo prega uma Igreja comunitária, mas sem muito efeito e com pouca ação concreta.

Esse grupo acredita ser um resquício da Igreja engajada na comunidade e nas ações sócio-políticas do seu povo.

Dom Mauro Morellis, bispo emérito de Duque de Caxias, falando na TV senado,

Dizia que se sente preocupado com o modelo adotado pela sua Igreja nos dias de hoje.

Ainda bem que ele pensa como eu: acha que há um desfile de roupas e de ritos no lugar da ação social real. Uma pregação que não compromete, apenas apazigua.

Quanto mais depressiva ou estressada a pessoa estiver mais encaixa às pregações e aos ritos.

Ritual este que pede que se abrace, que olhe nos olhos de quem está perto.

Que se toque bastante, imponha as mãos uns sobre os outros, enfim, um melado inacabado de ações e que dizem ser isto um exercício de fé.

E quando surgem aqueles que pensam diferentes, nem a paz de Jesus esses recebem.

Uma religião que faz os seus membros amarem mais os do grupo do que os que estão fora.

A expressão do Mestre: “Amai vossos inimigos”, vai ficando de lado.

Uma religiosidade que aparentemente não esta preocupada com o aquecimento global, com a fome e a miséria do povo, com o sistema político em que vivemos, não está preocupada com a economia, e muito menos com aqueles que pensam de outra forma.

Prometem o céu para quem os segue dizendo ser o seguimento de Jesus.

Estou tendo a sensação que esse grupo está aumentando velozmente.

E aquela Igreja cheia de preocupação com os mais necessitados vai ficando para trás.

A isso eu dou nome fé de marcha ré.

Falaremos mais sobre esse assunto!

Acácio

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 17/01/2008
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