A árvore

No fim de semana fui à fazenda de meu sogro e deparei-me com uma paisagem incrível: no meio do pasto, onde pastava uma grande boiada, tem uma árvore linda, seria uma espécie de Ipê roxo. Em todo o vale ele é a única árvore daquela espécie, trazia ao restaurante de gado um ar agradável, e a nós visitantes daquele local, um motivo de contemplação. Não sei por que, mas comparei todo aquele vale com pessoas que conheço, comparei aquela árvore com às virtudes que cada um de nós temos. Virtude essa que talvez seja única, como à árvore no pasto, anteriormente citado, mas que faz uma grande diferença, pois aquela árvore no meio do pasto traz um bem enorme a aqueles que a usufrui. Sua sombra é magnífica, seus galhos servem de ninhos para pássaros de diversas espécies e sua beleza é incomparável. Tenho amigos iguais a essa árvore, amigos que trazem conforto e serve de sombra para descanso nas horas mais difíceis, amigos que estão sempre presentes como aquela árvore que está no meio do campo. Amigos que como aquela árvore, enfeitam nossas vidas, dando um sabor especial à cada momento.

Ontem um peão amarrou um boi pelo pescoço naquela árvore, depois de alguns instantes ele foi pegar uma espécie de marreta com ponta, essa marreta pesava uns 6 kg, ele a pegou e acertou bem na testa desse boi, que morreu ajoelhado, suplicando, pois uma lágrima saia- lhe do canto do olho, achei aquilo horrível, abominável, logo depois que o boi caiu, ele lhe soltou a corda do pescoço para amarrá-la em seus pés, aí então pendurá-lo naquela árvore, de cabeça para baixo, não demorou muito para o sangue do animal sair todo por um corte que ele fizera em seu pescoço.

Eu não fiz nada, e como a árvore no meio do pasto me portei, estático, imóvel eu continuei até o final, hora nenhuma levantei a voz, fiquei como um boi incapaz de se defender. O meu intimo não aceitara aquilo, mas a minha covardia me fez silenciar. Se eu não gritar nunca passarei de uma árvore, nunca passarei de gado.