As mil faces

Uma vez ou outra, sentia-se em partes. Como se houvesse fragmentado a alma. Cada um desses pedaços era a exacerbação de um sentimento. Tal grandiosidade havia quando amava e a mesma quando desprezava. Era, talvez, multifacetada. Façanha que traz, ao mesmo tempo, prós e contras.

Quantos já não a desejaram? E quantos já não apontavam à falta do ser normal? Era isso o que significava ser diversa...

O mais espantoso era ver que ao mesmo tempo estava inteira e quebradiça.

Sempre que dividia, cedo ou tarde voltava ao que se convencionava normal.

Questionou-se então, ela, se o normal não seria se quebrar em mil e, mais tarde, estar inteira...

Sabe-se lá!

Mas quem me dera ter dessas mil faces e poder voltar a ser só uma, como nem mesmo a mais fina porcelana pode fazer!

Cecília Afonso
Enviado por Cecília Afonso em 21/01/2008
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