CARNAVAL, PERDEU-SE NA MULTIDÃO

Somente quem vivenciou os carnavais de outrora fazem idéia de como era a folia. A multidão se misturava na rua, não importando se era bela a fantasia ou simplesmente de pano de saco se vestia, se o bloco sujo batendo na lata passava trazendo imensa alegria, ninguém resistia ao som de tanta proeza num batuque em instrumentos que se tornavam pura magia. Nos Clubes havia os bailes carnavalescos, onde se pulava harmoniosamente, seja de mão dadas, trenzinhos, a dois, a três, a quatro ... Havia concursos, não só de fantasias, mas também de melhor ornamentação dos Clubes. Acontecia festivais de músicas carnavalescas que eram tocadas diariamente nas rádios e ao chegar o carnaval o povo já estava afinado com belas melodias. Os jovens se juntavam e formavam grupo de fantasias. Era uma festa linda, mesmo que, de vez em quando, uma briguinha acontecia, em geral, ciúmes da namorada ou alguém que se excedeu com a bebida. O tempo foi passando, os festivais acabaram. Nos Clubes os bailes passaram a fazer parte de pancadaria. As pessoas não mais pulavam respeitando-se uns aos outros e, sim, "alguns" se juntavam para empurrar ou massacrar alguém. Hoje em dia, ainda se vê em algumas cidades do interior o baile carnavalesco em Clubes e folias na rua. O medo tomou conta das pessoas, quem pode viaja. Quem não, procura alternativas para se divertir. Há quem se arrisca a participar das folias, das quais não mais se escuta as músicas carnavalecas e, sim, às tocadas o ano inteiro, como aché, fank e outras. Quando escutamos algumas músicas carnavalescas sâo às de escolas de samba ou, quando tentam relembrar às do passado, que rapidamente tiram pois a maioria vaia. Pena! O carnaval perdeu-se na multidão, pois se comercializou demais, houve o desencanto, restando para quem teve o privilégio de presenciar a real folia, os bons momentos de folião, representados no Pierrô, Colombina, Palhaço, Baiana, Pirata, Odalisca, entre tantos outros, seja, em blocos ou não, principalmente aquele do bloco do sujo, batendo na lata, que não tem fantasia, trazendo alegria para o povo sambar.