Girando a álcool
Aos meus amigos quero dizer
Que às vezes, tento me convencer
Que estou preso a este cordão umbilical
Chamada Terra.
Mas noto, porém, que quando estimulado por um álcool
Minhas dúvidas se acentuam e me levam numa espiral heliocêntrica
Onde o temor inebriante, me leva pra fora da minha geratriz.
E às vezes, mesmo falando de forma imprecisa, tendo um visual relaxado
Consigo caminhar por este gozo sem nada temer.
Por certo, qualquer religioso me condenaria, mas o que importa é o que se sente...
O álcool só faz mal a quem o toma em demasia.
Um dia caminharemos juntos sobriamente
E muitas besteiras e palhaçadas serão feitas
E não se terá por desculpas o álcool.
Por tanto, que me deixem sonhar os puros e os moralistas
Pois no dia em que tudo isso for real, eu estarei por aí afora
Tentando consertar com minha poesia débil este mundo suíço
Ou então, talvez quem sabe, eu esteja numa das minhas bebedeiras...
Girando e girando e girando a álcool.
Vicente Freire – 12/06/1984.