A JUIZA E O MARGINAL

No meu país de origem conheci um marginal cuja trajetória impressiona. É um homem alto, moreno, rosto redondo, na casa dos quarenta anos e respirando saúde. No entanto pelo seu olhar matreiro e seu sorriso escarnecedor se vê que tem ar de patife. O meio que ele freqüenta, é o mundo dos marginais, daqueles que vivem à margem das leis. Não no sentido de andarem armados assaltando por aí a torto e a direito, mas sim o meio do crime do colarinho branco. Isso envolve grandes golpes financeiros, o desvio de dinheiro público, bem como negócios sujos com homens políticos corruptos. O meu marginal quando foi presidente de um grande clube de futebol, na compra de passes de jogadores desviou milhões de dólares para o seu próprio bolso. Julgado por juizes corruptos pega só alguns meses de cadeia. Mais tarde recorre da sentença e chega mesmo a ser declarado inocente.

Alguns anos depois entra no meio político e aí se destaca como sendo um excelente negociador. Conseguindo fazer acordos, com todas as cores políticas é eleito deputado e mais tarde senador. Como deputado e como senador raramente aparece nas sessões da Câmara ou do Senado. Porém, devido à sua astúcia e sagacidade, aos poucos se vai firmando no universo político. Mais tarde ele se candidata à Presidência da República. Usando toda a sorte de demagogia leva o eleitor a confiar nele, mas tem de disputar segundo turno.

O seu adversário, ou seja, sua adversária, é mulher. Ela é Juíza, aposentada, competente, honesta, direita, lutando sempre a favor da Justiça. Ao longo dos anos na sua profissão, mostrou ser incorrupta, julgando com justiça todo o réu que comparece diante dela. O provado inocente ela absolve. O provado culpado seja ele poderoso ou não, ela o condena. Ao longo da sua campanha ela apresenta um programa de governo razoável, insistindo na segurança e na moralidade e ética política. Não faz promessas à toa, mas apenas promete o melhor que poderá fazer pelo país. Embora grande parte do eleitorado confie nela, a maioria vota no seu adversário.

O povo elege um marginal como Presidente!

Como vimos, num mundo como o nosso, a razoabilidade e o bom senso não prevalecem nunca.

Teste a sua qualidade como eleitor. Por sua resposta à pergunta abaixo saberá se é um bom ou mau eleitor.

Se você fosse eleitor nesse país em quem votaria: No Marginal ou na Juíza?

Victor Alexandre
Enviado por Victor Alexandre em 27/01/2008
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