Ascensão e queda de um vagal   7

 

        O Aldo

 

         O Doutor Aldo Coletti era o médico que atendia o Pré-vestibular Universitário. Atendia a todos de uma forma difícil de descrever. Era um conselheiro. Chegava a ser carinhoso. Grande amigo. Eu, diretor de um setor ligado aos professores encaminhei ao Aldo muitos professores.

Como se sabe o professor de cursinho é no mínimo uma mistura de neurótico com astro. E o Aldo sabia orientar os “ artistas” que no seu consultório chegavam.

       Uma vez um professor me disse: - Vou matar minha mulher ! Eu disse: - Antes fala com o Aldo. E ele foi lá e foi convencido pelo talentoso médico que a mulher dele é que era uma “rocha” por suportar e tolerar a atividade  que o marido  tinha.

      O Aldo Coletti era assim. Atendia a todos. Administrou muitos remédios de tarja preta para aquele time de professores da década de noventa. Inclusive  astros de verdade como o professor de Biologia Maia e o de Português Édison de Oliveira. Aliás inesquecíveis e reconhecidos astros.

       Uma vez estava eu deitado assistindo a um filme quando me deu uma sensação estranha de movimento no ânus. Senti que havia deslocamento de alguma coisa. E  assustado como convém aos frágeis humanos, dei uma mexida e peguei pequenos seres que se mexiam e pareciam, examinados por mim, pedacinhos de uma fita fininha. Retirei-os  colocando-os  num envelope.  Depois de uma noite de muita ansiedade levei cedo do outro dia ao Aldo. Ele olhou e me disse: - Estás com uma baita de uma tênia. E continuou: -Deve ter sido alguma salada destes restaurantes que freqüentas. E me deu dois comprimidos.

Dois dias depois num intervalo de aula tive que ir ao banheiro num instante em que senti violenta reação.  Fui rápido ao banheiro  e lá ocorreu uma reação no meu interior que não desejo a inimigo e que é inenarrável.  Saiu uma “coisa”  com grande volume e com grande mobilização de massa. Sem exagero senti ali que tinha perdido um “pedaço” de mim.

Após o “ agito”  voltei naturalmente  as aulas que em cursinho não podem parar. Me sentia leve e , lembro bem sentia a sensação de tranqüilidade inesquecível.

 

Geraldo Fulgêncio