Blusa

Outro dia estava no shopping com minhas afilhadas e minha filha, procurávamos um presente para uma delas. De repente, vejo uma blusa da qual gosto. Entro na loja, olho, pego a blusa e vou ao provador. Lá começa o desafio, uma verdadeira aventura, não consigo vestir a blusa, são tantos acessórios, cordões, botões que precisei chamar a atendente para me auxiliar. Uma blusa que requer manual de instruções!

Vencido o desafio, decepção, a peça não me agradou. Deve ser para pessoas mais jovens... Que horror! Não sou necessariamente uma anciã, mas fiquei bastante frustrada com o estilo da tal blusa.

Nossa vida não é diferente, às vezes nos metemos em muitas confusões, queremos muito uma coisa, queremos demais, fazemos de tudo para conseguir, seja um emprego, seja uma paixão, seja um livro, um filme, qualquer coisa, depois de tanto esforço... Decepção. O emprego não era desafiador, o namorado não beijava bem, o livro era muito triste, o filme sem ação.

Seguimos adiante, temos que procurar outra motivação, outra coisa que nos desperte o mesmo sentimento que nos impulsiona, que nos mantêm vivos, precisamos de algo para folhear e tentar descobrir o final, assistir para ver aquele grande beijo se realizar, provar para ver se é assim tão bom quanto nos falaram.

Precisamos ser instigados, desafiados, pois é isto o que nos faz

viver: a emoção. Praticam-na por esporte, esportes radicais, muitas pessoas arriscam suas vidas praticando “emoção”, precisam sentir a adrenalina, alguns chegam a extremos, ao risco máximo, pela mais forte emoção.

Para outros o "correr risco" é algo mais simples, andar de bicicleta, nadar em um rio, ver um filme de terror. O importante é estarmos sempre desafiados, motivados; não devemos viver com a certeza de tudo, algumas vezes temos que duvidar, exercitar nosso ceticismo.

Certeza e autoconfiança fazem com que não vejamos a necessidade de mudar e, com isso, deixamos muitas oportunidades passarem. Como na história “O Pequeno Sítio e a Vaca”, de Paulo Coelho; o filósofo pediu ao discípulo que jogasse a vaquinha do precipício, com isto a família se viu obrigada a mudar, e nesta mudança encontraram um caminho muito melhor. Nem sempre alguém vai aparecer para empurrar nossa vaquinha precipício abaixo, a iniciativa deve ser nossa.

Taís H
Enviado por Taís H em 30/01/2008
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